MS: acampados em universidade, índios aguardam decisão sobre terras

Os cerca de 500 participantes da marcha de indígenas, trabalhadores rurais sem terra e quilombolas - que saiu da cidade de Anhaduí, a cerca de 50 quilômetros da capital sul-mato-grossense - chegaram na manhã desta quinta-feira a Campo Grande e estão acampados na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Os manifestantes aguardam o resultado da reunião de representantes dos índios terenas com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da república, Gilberto Carvalho, sobre a situação das terras indígenas em Sidrolândia (MS), onde ocorreu o conflito que resultou na morte do índio Osiel Gabriel, e onde na última terça-feira, seu primo Josiel Gabriel Alves foi baleado durante tentativa de ocupação de uma fazenda da região.

A reunião está prevista para as 15h. "Estamos esperando o resultado dessa reunião em Brasília. Queremos ouvir e buscar quem defenda nossos direitos. O governo precisa sair de cima do muro e dizer que nós também somos brasileiros e trabalhar para nós", disse à Agência Brasil a integrante da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e índia terena Tiliana Brunetto. Segundo ela, após o resultado da reunião, os manifestantes vão avaliar se permanecem acampados na universidade.

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A marcha faz parte do movimento denominado Jornadas Unitárias de Luta em Mato Grosso do Sul, que reuniu inicialmente cerca de mil pessoas. Organizado por movimentos sociais, a manifestação cobra a demarcação de terras indígenas e de quilombolas, além da reforma agrária. Eles cobram ainda a apuração da morte do índio terena Osiel Gabriel morto no dia 30 de maio.

"Viemos aqui para gritar o nome de Osiel que foi morto por culpa da demora na demarcação das terras indígenas. Aquela terra tem uma história. Ela é dos nossos antepassados e foi reconhecida pela Funai, só falta o governo homologar", ressaltou o índio Elvis Terena. Segundo ele, em todo o Estado, 298 índios foram mortos, nos últimos anos em razão dos conflitos pela posse da terra.

Amanhã, os manifestantes pretendem fazer um ato no centro da cidade com a presença de parlamentares ligados à questão do campo. A manifestação está prevista para as 10h. De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), só em Sidrolândia e Aquidauana há 13 fazendas ocupadas desde meados da década de 1980. Em todo o Estado, o número chega a 65.