Um grupo de índios terena ocupou na madrugada desta sexta-feira parte de uma fazenda localizada na cidade de Aquidauana (MS), a cerca de 140 quilômetros da capital sul-mato-grossense, Campo Grande. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os índios ocuparam uma das quatro áreas em que a Fazenda Esperança se divide. A propriedade tem 12 mil hectares e fica no interior de um território que os índios afirmam ter pertencido a seus antepassados.
O Cimi garante que um estudo antropológico da Fundação Nacional do Índio (Funai) já reconheceu que 33 mil hectares da região são terra indígena tradicional e estão aptos a serem reconhecidos como parte da reserva Taunay/Ipeg. Cerca de 6 mil índios terena vivem, desde a primeira metade do século passado, em 6 mil hectares destinados à ocupação indígena pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão federal indigenista substituído pela Funai em 1967. Há tempos os índios reivindicam a ampliação da terra indígena Taunay/Ipeg.
O dono de um dos imóveis existentes na área reconhecida pela Funai como território indígena recorreu à Justiça Federal e conseguiu interromper o processo demarcatório. O caso aguarda a decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Fundação Nacional do Índio (Funai) ainda não se pronunciou sobre o assunto. O Centro de Operações da Polícia Militar (PM) em Aquidauana informou à Agência Brasil que, até as 12h, não tinha sido acionado, mas policiais do destacamento da PM na cidade já se deslocaram para o local a fim de verificar a real situação.
A ocupação ocorre um dia depois que um índio terena morreu após ser baleado, durante a desocupação de outra fazenda, em Sidrolândia, também em Mato Grosso do Sul. A operação foi coordenada pela Polícia Federal e contou com o apoio de policiais militares sul-mato-grossenses. Um inquérito foi instaurado para apurar se houve abuso dos policiais. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, prometeu rigor na apuração.
MS: veja como foi o confronto entre índios e policiais que deixou 1 morto
30 de maio - Indígenas atearam fogo em prédios da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, durante operação de reintegração de posse realizada na quinta-feira. Durante confronto com policiais militares e federais, um índio morreu baleado e outros quatro ficaram feridos
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Incêndio produziu grande coluna de fumaça em fazenda no interior de MS
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Construção ficou destruída após incêndio
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - A propriedade fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional em 2010
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Indígenas começam a deixar fazenda após operação de reintegração de posse
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Operação de retirada dos índios foi marcada pela tensão
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
3 de junho - Osiel Gabriel foi enterrado em cemitério próximo à fazenda ocupada
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Lideranças indígenas prestam últimas homenagens a jovem terena morto em confronto com policiais
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Segundo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerimônia de sepultamento ocorreu em um misto de tristeza e indignação
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo de Osiel passou por perícias para determinar origem do tiro que matou o jovem
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenta negociar um encontro entre os indígenas e a presidente Dilma Rousseff
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Indígenas prometem permanecer na fazenda ocupada mesmo após nova ordem de reintegração de posse
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Grupo da etnia terena se sentiu traído com decisão após negociar 'trégua' em reunião com o CNJ
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Índios rasgam cópias da decisão judicial que os obriga a deixar a fazenda Buriti em 48 horas
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo do índio Osiel Gabriel, morto em confronto com policiais federais e militares, é enterrado em clima de revolta na aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia (MS)