MT: greve já causa falta de combustível, comida e remédio
Há uma semana, os caminhoneiros radicalizaram em um protesto e estão fazendo interdições ininterruptas
Começou a interferir na vida das pessoas as interdições intermitentes que estão sendo feitas há mais de três semanas nas rodovias do Brasil por caminhoneiros para reivindicar a redução do preço dos combustíveis. Há uma semana, os manifestantes radicalizaram e estão fazendo interdições ininterruptas. No interior de Mato Grosso, onde há 10 pontos de trancamento, já estão faltando combustíveis na bomba dos postos, remédio e alimentos, como leite e carne em algumas cidades.
Os pontos de interdições ficam na BR-364, BR-163 e BR-070.
O jornalista Alex Fama, do site Só Notícias, em Sinop, no Norte de Mato Grosso, confirma que não tem combustíveis nesta quarta-feira (25) na maioria dos postos da cidade. “A fila ontem chegava a virar quarteirão, com mais de 100 metros. Hoje ainda não sei como vai ficar, porque onde tem combustível deve ser muito procurado e são poucos postos”.
Comerciantes do ramo das farmácias em Sorriso, que fica no Médio Norte de Mato Grosso, região de plantio ostensivo de soja, anunciaram que já começa a faltar na cidade alguns remédios. O jornalista da TV Record em Sorriso, Rafael Sousa, fez reportagem nesta terça-feira (24) em três das farmácias centrais da pequena cidade. “Já não tem medicamentos de baixo estoque, como o remédio indicado para osteoporose, de dose mensal. Mas mesmo o estoque dos anti-inflamatórios, que são muito usados, está baixando”, relata o repórter.
Mediante a escassez, no final da tarde desta terça-feira, o governador do Estado, Pedro Taques (PDT), na terceira reunião com a classe, apelou aos caminhoneiros que abrissem passagem para veículos com carga alimentícia e combustível. Mas, informações da Rota Oeste, concessionária de trechos da BR-164 e 364, ainda não estão liberando nada, somente carga viva e perecíveis.
O governo também garantiu que vai notificar as principais tradings do agronegócio (ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Amaggi) para discutir o valor que está sendo pago pelo frete. A notificação das tradings deve ser feita hoje pelo procurador-geral do Estado, Patryck Ayala.
O presidente do Sindicato dos Caminheiros de Mato Grosso, Edgar Laurini, o valor que tem sido pago pelo frete é muito baixo. Segundo ele, os empresários do agronegócio ganham muito, assim como os governos locais, estadual e federal, mas a categoria dele está muito empobrecida, por isso resolveu fazer este protesto, que, segundo ele é pacífico, mas que pretende sim de alguma forma incomodar. “A gente não tem nem um lugar direito para descansar e se alimentar nos pontos de carga e recarga”, reclama.
Os caminhoneiros de Mato Grosso agora querem tratar com representantes do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), até porque muitos dos manifestantes ameaçam incorporar aos protestos as bandeiras “fora Dilma” e “impeachment já”.
O governo instala nesta quarta uma mesa de negociações e diálogos com representantes das manifestações. O objetivo é tentar resolver os problemas decorrentes dos bloqueios em rodovias de nove estados brasileiros. A redução do preço do óleo diesel, no entanto, não está em pauta, conforme informou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto.
Segundo Rossetto, a posição do governo é a de estimular uma negociação direta entre os lados, com o objetivo de respeitar as reivindicações, mas evitar a obstrução das estradas, “garantindo o abastecimento da população brasileira e evitando prejuízos à sociedade e à economia”.