Mulheres fazem atos contra Bolsonaro e pela democracia
Manifestantes se organizaram entre movimentos distintos; domingo (21) terá protestos contra o retorno do PT à Presidência
Em várias cidades do país, manifestantes se reúnem neste sábado (20) contra o fascismo e a favor da democracia, pelos direitos humanos e em defesa da liberdade de expressão. O ato é organizado por movimentos de mulheres de distintos segmentos, entre eles Mulheres Unidas contra Bolsonaro.
Já para o domingo (21) estão programadas manifestações em todo país contra o comunismo e o retorno do PT à presidência.
São Paulo
Em São Paulo, a manifestação lotou o vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A multidão chegou a extrapolar a área da praça e ocupou totalmente os dois sentidos da Avenida Paulista, na região central da capital. Ao som de tambores, centenas de pessoas gritavam "Ele não!", "Ele Nunca!" e "Ele Jamais", em referência ao candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.
A articulação do ato na capital paulista é dos mesmos coletivos de mulheres que organizaram o protesto do último dia 29 no Largo da Batata, zona oeste paulistana, contra o candidato.
Faixas de diversas cores e tamanhos se posicionavam contra as declarações do presidenciável consideradas ofensivas às mulheres, aos homossexuais e negros. Também podiam ser vistas bandeiras de centrais sindicais e partidos políticos em meio à multidão.
Embora organizado por coletivo femininistas, o protesto contou com público diverso: havia pais com os filhos no colo, adolescentes, casais de idosos e artistas de diversas linguagens. Ao logo do protesto, que deve chegar até a Praça da Sé, no centro da cidade, estão previstas intervenções do grupo de música afro Ilu Oba de Min e da cantora transgênero Liniker.
Para Fábia Carmen, uma das participantes da organização, que reúne cerca de 30 coletivos de mulheres, a mobilização foi fundamental para evitar que Bolsonaro obtivesse uma vitória já no primeiro turno da eleição: "Se a gente não tivesse lutado como a gente lutou, talvez não tivesse nem segundo turno", enfatizou.
Segundo ela, independente do resultado das urnas no próximo domingo (28), é preciso manter a articulação para evitar retrocessos. "A gente acredita que tem que continuar na rua e não só em atos, mas nas localidades, nas conversas. Tem que avançar o debate sobre o que é fascismo, esse avanço desse movimento de retirada de direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras".
Rio de Janeiro
No Rio, os manifestantes se reuniram na Cinelândia. Com bandeiras de vários partidos de esquerda, jovens, idosos e crianças gritavam "Ele não!".
Durante toda a manifestação os participantes entoavam cantos como "A nossa luta, é todo dia, somos mulheres na democracia", ou ainda "Pisa ligeiro, quem não pode com as mulheres não atiça o formigueiro".
Na Candelária, os manifestantes homenagearam com uma dança o mestre Moa do Katendê, assassinado a facadas na noite do primeiro turno da eleição após declarar voto ao PT, em Salvador (BA).
Ana Carlina Costa, uma das organizadoras do movimento Mulheres Unidas contra Bolsonara, disse que a manifestação de hoje é a continuação da do último dia 29 de setembro, que levou, segundo os organizadores, mais de um milhão de pessoas às ruas de todo o país.
“Foram mais de um milhão de pessoas, pra dizer porque a gente não aceita um governo do Bolsonaro, com um programa fascista e de ataque à classe trabalhadora do país”.
Da Candelária, os manifestantes seguiram em passeata até a Lapa.
Brasília
Na capital federal, os manifestantes começaram a se agrupar na Rodoviária e às 16h ocupavam três faixas do eixo monumental. Eles seguiram em direção à Funarte, na região central da cidade. De acordo com a organização, 10 mil pessoas participaram do protesto. A Polícia Militar não estimou o número de participantes. Como nas outras capitais, o ato contou com mulheres, adolescentes, jovens, casais de idosos e muitas famílias acompanhadas dos filhos. Com cartazes e ao som de tambores, as pessoas subiram a avenida gritando “Ele não!”, “Ele Nunca!” e “Ele Jamais”.
Críticas às declarações do presidenciável consideradas ofensivas às mulheres, aos homossexuais e negros estavam presentes em faixas de diversas cores e tamanhos: “A gente quer um país para todas e todos”, “Mais amor e menos ódio”, “Mulheres contra o machismo, o racismo e a homnofobia” e “Marielle, presente”, uma referência à vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco assassinada em 14 de março, podiam ser vistas na manifestação.
Motoristas que passavam pelo local buzinaram, saudando os manifestantes. Um espaço para acolher as crianças e para a confecção de cartazes foi montado na Funarte por um grupo de mães presente no ato. Entre os manifestantes, um clima de tranquilidade e solidariedade.
“Hoje voltamos às ruas de Brasília para dizer que a gente quer barrar o atraso, quer barrar o candidato que representa as posições fascistas em curso no nosso país. Tem mulheres, trans, homens, gente nova, idosos, pessoas de todas as cidades satélites”, disse a jornalista Leonor Costa, uma das organizadoras.
Uma forte chuva, dispersou a manifestação por volta das 17h40.