Na China, Lula fala em parceria para 'mudar governança mundial'
Comentário do presidente brasileiro acontece em meio a aumento das tensões entre China e Estados Unidos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (14/04) defender uma parceria geopolítica com a China para mudar a governança mundial.
A declaração foi feita durante encontro com o presidente do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular da China, o equivalente ao parlamento chinês, Zhao Leji.
"Os nossos interesses na relação com a China não são apenas comerciais [...] Temos interesses políticos e nós temos interesses em construir uma nova geopolítica para que a gente possa mudar a governança mundial dando mais representatividade às Nações Unidas", disse Lula.
O presidente brasileiro ainda fez uma crítica à Organização das Nações Unidas (ONU), afirmando que ela não teria força para manter a paz no mundo.
"Não podemos continuar com Nações Unidas que não tenha a força necessária para coordenar o equilíbrio que o mundo precisa para que a gente possa viver mais em paz", afirmou.
Lula disse que a China é um parceiro preferencial do Brasil e que é com o país asiático que o Brasil tenta "equilibrar" a geopolítica mundial.
"É importante dizer que a China tem sido um parceiro preferencial do Brasil nas suas relações comerciais. É com a China que a gente mantém o mais importante fluxo de comércio exterior. É com a China que nós temos a maior balança comercial e é junto com a China que nós temos tentado equilibrar a geopolítica mundial discutindo os temas mais importantes", disse Lula.
As declarações do presidente acontecem após ele ter feito críticas ao sistema financeiro internacional na quinta-feira (13/04) durante um evento na sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como "Banco dos Brics", agora presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Na ocasião, Lula disse que os organismos financeiros multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) não poderiam continuar "asfixiando" países em desenvolvimento, usando como exemplo a Argentina.
O discurso de Lula nesta sexta-feira acontece em meio ao estremecimento das relações entre a China e os Estados Unidos.
Nos últimos anos, a competição por mercados e influência política entre os dois países tem se acirrado com acusações mútuas de interferências indevidas em áreas de interesse dos dois países.
Em 2022, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que a China é o único país atualmente capaz de "remodelar" a ordem internacional.
Na tarde desta sexta-feira, Lula ainda terá um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. Há expectativa sobre o teor do comunicado conjunto que os dois países deverão fazer, especialmente em relação a temas como a guerra na Ucrânia.