Não existe política sem Congresso e qualquer governo tem que buscar apoio entre os diferentes, diz Haddad
Candidato a vice e provável substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na chapa petista à Presidência, Fernando Haddad defendeu nesta sexta-feira que não existe política sem o Congresso Nacional e qualquer governo precisa constituir uma maioria e conversar com os diferentes para buscar apoio.
Em entrevista ao site do jornal O Povo, em Fortaleza, Haddad foi perguntado sobre o fato de vários candidatos no Nordeste que concorrem por partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff hoje defenderem a candidatura de Lula à Presidência.
Haddad respondeu que está havendo um "reposicionamento" político no país e várias pessoas perceberam que o impeachment não foi um boa coisa para o Brasil.
"Não podemos deixar de compreender essas pessoas. São brasileiros que querem a reconstrução do país. Não é uma questão de arrependidos, são reposicionamentos políticos", disse.
O ex-prefeito de São Paulo defendeu que em uma democracia é preciso tomar medidas para que o projeto do governo eleito tenha viabilidade e é preciso conversar com o Congresso Nacional existente.
"Se a gente quer o bem do povo brasileiro, temos que encontrar um caminho para viabilizar a aprovação de medidas que estamos propondo. Não existe política sem o Congresso Nacional. Precisa constituir uma maioria", afirmou. "Um dos grandes ensinamentos de Lula foi conviver com os diferentes, buscando apoio para seu projeto".
Haddad não descartou nem mesmo um apoio de parte do MDB, partido que patrocinou o impeachment de Dilma e assumiu o governo com Michel Temer. O ex-prefeito de São Paulo lembrou que vários integrantes do partido romperam com Temer, outros já foram contrários ao impeachment, e fazem hoje campanha por Lula.
"Democracia é puxar gente para teu projeto", defendeu.
Haddad ressaltou, no entanto, que não se pode transferir toda a responsabilidade para a classe política e que o Congresso não está eleito, será eleito agora. "Quem escolhe o Congresso não é o presidente. O eleitor que não está satisfeito com essas pessoas que estão aí, vamos lutar para eleger outros, com mais contribuição a dar", disse.