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Negacionismo de líderes pode ter levado à disseminação de Covid-19 no Brasil, diz chefe de direitos humanos da ONU

14 mai 2020 - 13h49
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O negacionismo de importantes líderes políticos no Brasil provavelmente levou à disseminação no país da Covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, disse nesta quinta-feira a alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, que se declarou "realmente preocupada" com o Brasil e a situação local da pandemia.

13/05/2020
REUTERS/Adriano Machado
13/05/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"É claro que estamos realmente preocupados com o Brasil e a Covid-19, porque é um dos países com grande número de pessoas com Covid-19 e também um alto índice de mortes", disse Bachelet ao ser indagada sobre a postura do presidente Jair Bolsonaro, que minimizou o coronavírus e participou de protestos que pedem o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de uma intervenção militar.

"Acreditamos que a negação no início de importantes líderes políticos provavelmente levou à disseminação da infecção, que se outras medidas tivessem sido tomadas desde o início, talvez isso pudesse ter sido revertido", afirmou ela

Bachelet também foi diretamente indagada se a democracia brasileira está em risco por causa da postura de Bolsonaro. Sem citar diretamente o presidente, a chefe de direitos humanos da ONU, que presidiu o Chile por dois mandatos, reconheceu que os pedidos de uma intervenção militar por determinados grupos ameaçam a democracia brasileira.

"Nós também soubemos que certos grupos pedem que os militares participem", disse ela, acrescentando que isso significa uma ameaça à democracia.

Bolsonaro discursou em atos realizados em Brasília --um em frente ao quartel-general do Exército e outro em frente ao Palácio do Planalto-- que pediram o fechamento do Congresso, do Supremo e a reedição de um Ato Institucional número 5 (AI-5), instrumento que marcou o endurecimento da repressão durante o regime militar.

O presidente também já classificou a Covid-19 de "gripezinha" e, ao ser questionado recentemente por jornalistas sobre o alto número de mortes provocada pela doença no Brasil respondeu: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?" Também tem sido um duro crítico de medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio não essencial, adotadas por governadores e prefeitos para frear a propagação do vírus.

De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados na quarta-feira, o Brasil tem 188.974 casos confirmados de Covid-19 e a doença já matou 13.149 pessoas no país.

Esses números fazem do Brasil o sexto país do mundo com maior número de casos e mortos pela Covid-19, embora a pandemia no país tenha começado depois de países que atualmente estão atrás neste ranking, como China, Alemanha e Bélgica.

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