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Nem Putin nem Zelensky estão prontos para discutir paz, diz Lula

2 ago 2023 - 11h52
(atualizado às 13h16)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que o papel do Brasil em relação à guerra na Ucrânia é buscar uma proposta de paz junto com outros países, mas ponderou que nem Rússia nem Ucrânia estão dispostas nesse momento a discutir a paz e ainda acham que irão vencer a guerra.

"O Brasil está naquele rol de países que está procurando um caminho para que se possa usar a palavra paz. Por enquanto a gente não tem ouvido nem de Zelensky nem do Putin a ideia de que nós vamos parar e vamos negociar. Por enquanto os dois estão naquela fase 'eu vou ganhar, eu vou ganhar'. Enquanto isso, as pessoas estão morrendo", disse Lula em café da manhã com representantes da imprensa internacional no Palácio do Planalto.

Pouco após a declaração de Lula, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmou que espera que uma cúpula de paz possa ser realizada ainda este ano, e que negociações realizadas na Arábia Saudita nesta semana serão um trampolim para esse objetivo.

O governo brasileiro vem participando de reuniões internacionais sobre a guerra da Ucrânia em busca de uma proposta de paz que possa ser negociada com os dois países, mas até agora os avanços são praticamente inexistentes.

Na tarde desta quarta, o assessor internacional de Lula, Celso Amorim, participará de uma videoconferência organizada pela Arábia Saudita para tentar dar seguimento a uma primeira reunião, realizada na Dinamarca, a pedido da Ucrânia. As expectativas, no entanto, são pequenas.

O ex-chanceler explicou que a reunião na Dinamarca não avançou porque havia uma expectativa da Ucrânia de que se chegasse a um consenso sobre a sua própria proposta de paz.

"A nossa visão e de outros países é que para se chegar a paz é preciso ter diálogo. E diálogo não pode ser consigo mesmo", disse Amorim. A conferência de agora é para dar seguimento às conversas, mas sem grandes expectativas, afirmou.

"É uma continuação, mas o próprio convite que nos foi enviado é para um diálogo aberto, sem presumir que vá haver conclusões oficiais. Mas é importante esse diálogo porque cada vez fica mais claro que só haverá paz quando todos acharem possível e interessante. Por exemplo, não se pode deixar de fora as preocupações de segurança da Rússia, elas são reais. Se o objetivo for derrotar a Rússia é uma outra estratégia".

Lula afirmou, no entanto, que o Brasil vai continuar participando de todas as reuniões e negociações para que se chegue a um acordo de paz quando os dois lados estiverem dispostos.

"O Brasil vai continuar tentando buscar a paz, tentar encontrar um caminho para que, na hora que as pessoas se cansarem de guerra e quiserem o aconchego para parar a guerra, nós vamos ter um grupo de países dispostos a conversar com eles e apresentar uma solução. Tem que ter um acordo e por enquanto ninguém quer acordo", disse.

O presidente ainda criticou a atuação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que, segundo ele, deveria ter discutido as dificuldades entre os dois países e tentado evitar a guerra antes de acontecer.

"Essa guerra deveria estar sendo discutida no Conselho de Segurança da ONU, mas são os membros permanentes que fazem a guerra. Os Estados Unidos quando invadiram o Iraque não perguntaram para ninguém. A Inglaterra e a França quando invadiram a Líbia não pediram para ninguém, e agora a Rússia não pediu a ninguém. Eles são membros permanentes, têm direito a veto", afirmou.

"Não poderiam fazer uma guerra sem levar em conta que se eles não respeitam a instância que foi criada em 1945, porque os outros vão respeitar".

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