"Ninguém aguenta mais essa podridão", diz chefe da força-tarefa da Lava Jato nas redes sociais
Integrantes da força-tarefa da Lava Jato usaram as redes sociais para defender as investigações, dizer que a operação não mira em um único partido e fazer um apelo por mudanças no sistema político brasileiro e nas leis processuais.
Os procuradores federais Carlos Fernando dos Santos Lima e Deltan Dallagnol se manifestaram ainda na noite de quarta-feira (17), logo depois que o jornal O Globo revelou que os donos da JBS teriam gravado, numa ação controlada pela Polícia Federal, diálogos comprometedores dos empresários com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
O primeiro a se manifestar foi Carlos Fernando dos Santos Lima que postou no Facebook um texto pedindo às pessoas que acreditem no "trabalho sério desenvolvido pelo Ministério Público Federal desde o início de 2014".
"Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios", escreveu Santos Lima.
"Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica", completou o procurador.
Podridão
Na manhã desta quinta, o post de Santos Lima tinha sido compartilhado por mais de 7 mil pessoas, entre elas o procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que escreveu em tom de "desabafo":
"Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão", disse Dallagnol.
Para o procurador, "se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem - com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças".
Protesto nas urnas
Dallagnol afirma que, além de protestar, a população precisa mostrar a "indignação nas urnas" colocando no Congresso pessoas comprometidas com as transformações que quer ver. "Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim."
Santos Lima, por sua vez, finalizou seu texto dizendo: "Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra. Precisamos acreditar que é possível mudar".
Na manhã de hoje, ele postou um soneto do poeta do baiano Gregório de Matos (1636-1696) que diz: "Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: / Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: / Com sua língua ao nobre o vil decepa: / O Velhaco maior sempre tem capa."