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Nova crise que opôs Calero e Geddel é 'remake político' de "Aquarius", diz francês Le Monde

25 nov 2016 - 10h23
(atualizado às 11h16)
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Embate entre Geddel Vieira Lima (esq.) e Marcelo Calero (dir.) abriu nova crise no governo de Michel Temer
Embate entre Geddel Vieira Lima (esq.) e Marcelo Calero (dir.) abriu nova crise no governo de Michel Temer
Foto: Agência Brasil

"Remake político do filme Aquarius no Brasil".

Asssim o jornal francês Le Monde definiu o episódio que abriu uma nova crise no governo de Michel Temer, no qual o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero diz ter sido pressionado para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador (BA) de interesse do ministro Geddel Vieira Lima.

Para o Le Monde, são "enormes" as similaridades entre o filme do cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho, estrelado por Sônia Braga, e o motivo da demissão alegado por Calero.

"De repente, a realidade supera a ficção", escreveu o periódico francês, em editorial publicado na quarta-feira. De acordo com o texto, "a pressão implacável de um peso pesado do governo para a construção de um grande complexo de edifícios em Salvador" é "uma versão política em quase nada retrabalhada" do roteiro de Aquarius.

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No filme, lembra o Le Monde, uma mulher luta contra uma construtora para não ser desalojada de seu apartamento nem deixar que o edifício onde ela guarda as principais memórias de sua própria história seja transformado em um arranha-céu de luxo.

Ironicamente, o ex-ministro da Cultura criticou publicamente o elenco do filme por conta de um protesto feito durante sua exibição no renomando Festival de Cinema de Cannes, na França, quando diversos representantes exibiram cartazes de protesto contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff do lado de fora.

Em depoimento à Polícia Federal, Marcelo Calero narrou ter sido pressionado para convencer o Instituto do Patrimônio Histório Nacional (Iphan) a voltar atrás e derrubar um embargo ao empreendimento La Vue Ladeira da Barra - um prédio de alto luxo nos arredores de uma área tombada de Salvador onde o ministro Geddel Vieira Lima teria adquirido um apartamento.

Para jornal francês, são enormes as similaridades entre o episódio narrado por Calero e o filme do cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho, cujo elenco fez protesto no festival de Cannes desse ano
Para jornal francês, são enormes as similaridades entre o episódio narrado por Calero e o filme do cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho, cujo elenco fez protesto no festival de Cannes desse ano
Foto: Getty Images

Calero, que diz ter pedido demissão por conta do episódio, afirma que, após receber pressão de Geddel, procurou Temer para tratar do caso, mas o presidente o "enquadrou" para tentar buscar uma saída para o impasse na liberação do empreendimento.

O depoimento do ex-ministro da Cultura à PF foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e encaminhou para a análise da Procuradoria-Geral da República, que deve pedir a abertura de uma investigação contra Geddel.

O Palácio do Planalto nega qualquer irregulariade e afirma que o presidente Michel Temer defendeu uma "saída técnica" para o embate, ao pedir que o caso fosse levado à Advocacia-Geral da União (AGU). E que apenas buscou arbitrar conflitos entre os ministros.

A nova crise do governo Temer também ganhou espaço no jornal argentino Clarín, que definiu a história como escândalo. "Ministro de Temer é acusado de corupção", escreveu.

A rede alemã Deutsche Welle também narrou o episódio em um texto publicado em português, com o título "Ex-ministro diz que foi pressionado por Temer no caso Geddel".

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