Número de infectados no Brasil pode ser 12 vezes maior
Os registros oficiais podem ser insuficientes para mapear a doença devido ao baixo número de testagens e demora para entrega de resultados.
O Brasil pode ter 12 vezes mais casos de coronavírus do que os divulgados oficialmente pelo governo, considerando a pouca quantidade de testes e longas esperas para confirmar os resultados, de acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira, 13.
Pesquisadores de um consórcio de universidades e institutos do país examinaram a proporção de casos que resultaram em mortes até 10 de abril, considerando casos em que houve recuperação ou morte e excluindo pacientes ainda em tratamento. Eles compararam essa proporção com as taxas de mortalidade previstas com base na idade dos pacientes da Organização Mundial da Saúde.
A taxa de mortalidade muito acima do esperado no Brasil, baseando-se nos dados oficiais, indica que há muito mais casos do vírus do que está sendo contabilizado. O estudo estima que apenas 8% dos casos estão sendo relatados.
O governo concentrou-se em testar casos graves e não todos os casos suspeitos, de acordo com o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde. O grupo, juntamente com profissionais médicos, também relatou longo tempo de espera para obter os resultados dos testes.
Oficialmente, o número de mortos no Brasil subiu para 1.223 no domingo, enquanto o número de casos confirmados atingiu 22.169, segundo dados do Ministério da Saúde. Nesta segunda, 13, atingiram o número de 105 mortes e 1.261 novos casos de covid-19 em apenas 24 horas. A letalidade subiu e está em 5,7%, ou seja, de cada 100 casos confirmados até agora, cinco pessoas morreram.
"O elevado grau de subnotificação pode sugerir uma falsa ideia de controle da doença e, consequentemente, poderia levar ao declínio na implementação de ações de contenção, como o isolamento horizontal", diz o documento.
A epidemia tem gerado tensão no governo. O presidente Jair Bolsonaro minimiza os riscos do vírus e tem pedido que o país volte ao normal, enquanto seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, governadores e autoridades locais defendem medidas mais rígidas para controlar o vírus.
Até o momento, o consórcio tem sido preciso em prever a evolução do vírus no Brasil, com o número confirmado de casos de coronavírus até 30 de março dentro do intervalo que os pesquisadores previram anteriormente.
Os pesquisadores agora estão prevendo que em 20 de abril o número de casos aumentará para 25.164 no cenário mais otimista e 60.413 casos, no mais pessimista.