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O jovem que passou do pior vendedor de telefones a guru da tecnologia

11 set 2016 - 14h47
(atualizado às 15h08)
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A carreira de Jacyn Heavens começou com péssimo rendimento e broncas do chefe
A carreira de Jacyn Heavens começou com péssimo rendimento e broncas do chefe
Foto: EPOS NOW

O britânico Jacyn Heavens vendia telefones celulares com tanto sucesso que conseguiu até comprar uma Ferrari aos 24 anos. Mas o começo da carreira do jovem, hoje com 33 anos, não foi dos melhores.

Três anos antes da compra da Ferrari, em 2004, depois de ter trabalhado em uma companhia de seguros, Heavens conseguiu um emprego como vendedor de celulares em Norwich, leste da Inglaterra. Mas não conseguia vender nada, até que um dia, quando o chefe quase o demitiu, a trajetória dele teve uma reviravolta.

"Antes de começar tinha imposto uma meta de dobrar meu salário básico, mas o único problema era que eu tinha que trabalhar. Os celulares estavam no auge, mas isso não era o que eu queria. Não consegui fazer nenhuma venda sequer."

O chefe logo se cansou da falta de rendimento do funcionário. "Fora do escritório e não volte até que consiga fazer uma venda!", disse o chefe a Heavens.

"Assim que entrei no carro comecei a chorar. Liguei para a minha mãe e falei que eu era um inútil, que tinha que deixar de trabalhar naquilo."

Apesar da crise de choro, Heavens decidiu ficar no emprego e criou uma estratégia para conseguir vender telefones.

Não são muitos os jovens de vinte e poucos anos que conseguem comprar uma Ferrari
Não são muitos os jovens de vinte e poucos anos que conseguem comprar uma Ferrari
Foto: JACYN HEAVENS

E hoje Jacy Heavens é o fundador e presidente da Epos Now, uma das empresas com crescimento mais rápido na área de tecnologia na Grã-Bretanha.

Segurança econômica

Em 2004 o trabalho de Heavens era muito simples: ele fazia telefonemas, um atrás do outro, para tentar vender celulares para empresas e sempre recebia um não como resposta.

O jovem então percebeu que a razão de nenhuma empresa estar interessada no que ele vendia era que ainda faltava muito para o fim dos contratos que já possuíam com empresas de telefonia celular.

Então, ao invés de tentar vender telefones, Heavens começou a perguntar para as empresas quando seus contratos iam acabar.

A Epos Now conta com 260 funcionários
A Epos Now conta com 260 funcionários
Foto: EPOS NOW

Depois, ele fez uma lista incluindo as empresas e datas e, quando via que o fim do contrato de uma empresa se aproximava, ligava para oferecer renovação de equipamentos.

Assim ele começou a fechar muitas vendas.

"Na lista dos empregados que mais vendiam eu estava na posição 500 entre 500 pessoas. Mas quando comecei com minha estratégia, de repente passei para o 200º lugar e depois para o 50º e, em pouco tempo, acabei virando o número um", contra o empreendedor.

Vendo o sucesso do jovem, uma empresa de telefonia celular de Londres ofereceu um emprego e, quando chegou na cidade, Heavens continuou aumentando as vendas e começou a receber comissões.

Com tanto sucesso na capital britânica, ao completar 24 anos ele tinha "segurança financeira suficiente" para comprar uma Ferrari.

Apesar disso, dois anos depois Heavens decidiu abandonar o mundo das vendas.

"Estava um pouco queimado. Decidi voltar para Norwich e simplesmente relaxar."

"Tinha chegado ao topo nas vendas. Consegui tudo o que poderia conseguir. Então pensei em abrir um bar com um amigo", contou.

Oportunidade

Heavens (esq.) reconheceu que não tinha experiência nenhuma para gerenciar um bar
Heavens (esq.) reconheceu que não tinha experiência nenhuma para gerenciar um bar
Foto: JACYN HEAVENS

Depois de abrir o bar em Norwich, em 2009, Heavens percebeu o quanto ele não sabia sobre gerenciamento de bares, apesar de seus pais já serem donos de um.

"Mas o maior problema chegou quando começamos a ganhar dinheiro. Fizemos as contas e aí nos demos conta de todos os custos: fornecedores, telecomunicações, banda larga, produtos de limpeza etc."

Foi então que ele descobriu que precisava de um ponto de venda eletrônico. Um sistema informatizado que, em geral, tem uma tela sensível e o software permite que pequenos comerciantes comprovem facilmente quais são seus lucros e gastos.

Heavens pesquisou o preço do que já existia no mercado para atender aos comerciantes e achou tudo muito caro para ele e para outros, cerca de US$ 8 mil (quase R$ 26 mil).

Neste momento ele viu uma oportunidade de negócios: produzir uma versão sistema por menos de um quarto do preço.

E, para isso, Heavens vendeu a Ferrari, voltou a hipotecar sua casa e decidiu entrar no mercado de pontos de venda eletrônicos.

Assim a Epos Now nasceu em Norwich em 2011 com hardware importado da China.

No começo a Epos Now comprava seu sistema de software mas, depois, teve que criar um sistema próprio
No começo a Epos Now comprava seu sistema de software mas, depois, teve que criar um sistema próprio
Foto: EPOS NOW

E, para comprar o Epos Now, o pequeno comerciante pode baixar o sistema a um preço de US$ 1,3 mil (cerca de R$ 4,2mil).

As vendas foram um sucesso.

Mas nem tudo foi tranquilo. Há um ano o negócio enfrentou um grande problema quando seu fornecedor de software abandonou a empresa.

A Epos Now teve que encontrar e contratar seu próprio especialista imediatamente para continuar no ramo.

"Ninguém sabe se vai ter sucesso (quando começa um negócio), mas é preciso se comprometer e superar qualquer problema", afirmou Heavens.

Faturamento

De acordo com Heavens hoje a Epos Now fatura US$ 2,6 milhões por ano (cerca de R$ 73,4 milhões). O produto já entrou nos mercados da Alemanha e Estados Unidos e a empresa abriu escritório em Orlando, na Flórida.

Os escritórios da EPOS Now agora se parecem com os escritórios de grandes empresas de tecnologia
Os escritórios da EPOS Now agora se parecem com os escritórios de grandes empresas de tecnologia
Foto: EPOS NOW

Mas o jornalista especializado em tecnologia Adrian Marte alerta que empresas como a Epos Now precisam encarar um número cada vez maior de competidores no setor, que oferecem seus produtos a um preço mais baixo, devido as grandes quedas de preços do hardware.

Heavens, por sua vez, confia na empresa e já declarou que ela deve chegar a um faturamento anual de US$ 133 milhões em cinco anos (mais de R$ 432 milhões).

"Todo mundo está me oferecendo dinheiro para comprar a empresa. No ano passado tive uma oferta de US$ 66,5 milhões (mais de R$ 216 milhões)."

"Mas não faço isso por dinheiro, faço porque é divertido. Gosto das negociações e de fechar acordos", acrescentou o empreendedor.

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