'O PT não vai tirar o Lula, nem oferecer outro candidato', diz Dilma em Londres
Ex-presidente disse em Londres que "não é o momento" de apoiar outra legenda na eleição, mas sim de defender a candidatura de Lula sem pensar em "plano B".
A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado (5), que o PT vai manter Luiz Inácio Lula da Silva como o nome do partido nas eleições presidenciais de outubro mesmo se ele não puder ser candidato. A petista também disse que este "não é o momento" de apoiar outra legenda na eleição, mas sim de defender a candidatura de Lula sem pensar em "plano B".
"O PT não vai tirar o Lula, nem oferecer outro candidato. Vamos manter. Nós não retiraremos o Lula das eleições. Ele participará como referência (...), resta saber se vai participar como candidato", disse Dilma, durante palestra em Londres, no Brazil Forum UK, evento organizado por estudantes brasileiros de universidades britânicas.
A ex-presidente afirmou ser a favor de uma aliança dos partidos de esquerda, e até mesmo que nomes de outras legendas ocupem a cabeça de chapa numa eventual coligação com o PT, mas não nas eleições de 2018.
"Seria muito importante para as próximas eleições (apoiar outros nomes). Para essa, nos enfraquecerá muito se Lula não for candidato", justificou a presidente.
Ela argumenta que o PT não pode discutir um "plano B" porque Lula é inocente.
Além de ter sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4), que aumentou a sentença de 9 anos e seis meses para 12 anos e 1 mês, Lula teve a prisão decretada em abril depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) recusou, por 6 votos a 5, o pedido de habeas corpus do petista para que ficasse em liberdade até que se esgotassem todos os recursos.
Com a condenação em segunda instância, Lula também pode ser impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. Ainda assim, Dilma insiste que o PT vai manter o nome do ex-presidente na disputa.
"Seria absurdo discutir plano B. Isso não significa que eu ache que os candidatos do futuro serão todos do PT. Acho que é possível (candidatos de outras legendas), principalmente porque nós vamos ter que passar o bastão para as novas gerações", completou.
Dilma lembrou que, no ato que Lula fez em São Bernardo do Campo antes de se entregar à Polícia Federal, ele "levantou o braço de algumas pessoas". Na ocasião, Lula exaltou o nome dos pré-candidatos do PSOL, Guilherme Boulos, e do PCdoB, Manuela D'Ávila.
Revogar medidas de Temer
Após insistir na candidatura de Lula, Dilma afirmou que o programa de governo do PT prevê uma "reconstituição das instituições" e, inclusive, a possibilidade de revisão das leis aprovadas pelo Congresso Nacional depois do impeachment de 2016, no governo de Michel Temer.
"Nós temos um programa. Achamos que vamos viver um período de transição. O Brasil vai ter que ser reconstruído, temos que ter uma reconstituição das instituições", defendeu.
"Terá que ter referendo revogatório para as pessoas decidirem se querem a precarização do trabalho, se querem a venda dos blocos fundamentais do pré-sal. Quer vender as terras férteis do país. Quer acabar com o controle das hidrelétricas? Quer abrir Alcântara?", completou, referindo-se à base de lançamento de foguetes no Maranhão.