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O que se sabe sobre o segundo paciente diagnosticado com o novo coronavírus no Brasil

Paciente esteve na Itália e foi diagnosticado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo; segundo o Ministério da Saúde, homem vestiu máscara no voo de volta ao Brasil e está em casa com boas condições de saúde.

29 fev 2020 - 19h25
(atualizado às 19h57)
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Paciente foi diagnosticado no Hospital Albert Einstein e agora está em casa, com quadro "clínico leve e estável", segundo o Ministério da Saúde
Paciente foi diagnosticado no Hospital Albert Einstein e agora está em casa, com quadro "clínico leve e estável", segundo o Ministério da Saúde
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (29/2) que foi confirmado o segundo caso do novo coronavírus no Brasil. O paciente, que mora em São Paulo, viajou recentemente à Itália — país onde o primeiro paciente diagnosticado também esteve recentemente.

Segundo o ministério, o paciente contraiu o novo coronavírus no país europeu, e "não há elementos que indiquem a circulação do vírus no Brasil".

Segundo uma nota divulgada pelo ministério, o paciente tem 32 anos e esteve em Milão, principal cidade da região italiana da Lombardia.

Ele desembarcou em São Paulo na última quinta-feira (27/2) e, no dia seguinte, após apresentar dor de cabeça, dor muscular e febre — sintomas associados à doença causada pelo novo coronavírus — foi ao Hospital Albert Einstein, onde foi examinado e diagnosticado.

O primeiro paciente diagnosticado também esteve no mesmo hospital.

Segundo o ministério, o paciente está com "quadro clínico leve e estável" e foi posto em isolamento em sua própria casa.

Em entrevista à TV Globonews, o infectologista David Uip — coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo — diz que o homem está acompanhado pela mulher, a única pessoa com quem teria tido contato após regressar da Itália.

Segundo o infectologista, o homem viajou da Itália ao Brasil com uma máscara facial, o que reduz o risco de ter transmitido o vírus para outros passageiros.

Uip afirma que o paciente será acompanhado pela vigilância sanitária do município São Paulo por meio de visitas e conversas telefônicas até que deixe de apresentar sintomas. "Depois volta à vida normal", diz o médico.

Segundo o infectologista, a detecção de mais um caso do novo coronavírus era "absolutamente esperada" dado o intenso tráfego entre Brasil e Itália.

Além dos dois diagnósticos positivos, o Ministério da Saúde monitora outros 182 casos suspeitos de novo coronavírus no Brasil.

O primeiro caso de novo coronavírus no Brasil

O primeiro paciente diagnosticado no Brasil com o novo coronavírus tem 61 anos e também está em quarentena em sua casa, em São Paulo.

Ele também viajou a trabalho à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu. O brasileiro apresentou sintomas associados à covid-19 — doença causada pelo novo vírus —, como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza.

Ele foi atendido no Albert Einstein, que disse ter seguido todos os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, pela Organização Mundial da Saúde e pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos EUA.

De acordo com o Ministério da Saúde, a mulher do paciente — que não apresenta sintomas — também está em casa, em observação. O órgão diz que outros 30 parentes dele estão sendo monitorados, pois participaram de um almoço em família no domingo, antes do diagnóstico.

Qual a gravidade do surto do novo coronavírus na Itália?

A Itália registra o maior número de casos do novo coronavírus na Europa. Até este sábado, houve 1.128 diagnósticos positivos, com 29 mortes.

Ainda não se sabe como o vírus chegou ao país. O governo iniciou uma investigação sobre um possível "paciente um", um homem de 38 anos que mora em Codogno, cidade de 16 mil habitantes considerada o epicentro do surto italiano.

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, acusou um hospital de falhas de procedimento para diagnosticar e isolar esse homem, que foi internado em estado grave.

Suspeita-se que esse homem transmitido o vírus para sua mulher, grávida, para um amigo e para três idosos que frequentam o bar do pai desse amigo, além de oito profissionais de saúde e pacientes do hospital onde ele foi atendido.

Um dos problemas apontados pelo governo é que o hospital não tratou o caso como suspeito do novo coronavírus, já que não havia ligações claras entre o paciente e a China, e teriam se passado três dias até que ele fosse isolado.

As autoridades locais de Codogno negam qualquer falha de procedimento.

Na semana passada, o governo italiano anunciou medidas para tentar conter o surto no norte do país. Nas regiões da Lombardia e Veneto, 11 pequenas cidades estão isoladas sob um plano de quarentena. Durante as próximas duas semanas, 50 mil residentes não poderão sair das cidades sem uma permissão especial. Escolas, universidades e cinemas foram fechados, e diversos eventos públicos, cancelados.

O temor em torno da doença afetou também cidades que estão fora dessa zona de quarentena — a exemplo de Milão, capital da Lombardia, que tem 1,3 milhão de habitantes e concentra 10% da economia italiana. Jogos de futebol foram cancelados. Desfiles de moda, esvaziados. Pontos turísticos estão fechados e diversas empresas passaram a adotar trabalho remoto.

Em Veneza, que não está sob quarentena, mas está localizada em uma região (Veneto) com cidades fechadas, o Carnaval foi encerrado dois dias antes do previsto. O avanço da doença na Itália também já começa a afetar outros países. Além dos dois casos brasileiros, houve pacientes diagnosticados na Áustria, Inglaterra, Croácia, Grécia, Suíça, Argélia, França, Espanha e Alemanha ligados a pessoas que estiveram no norte italiano.

Para o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, episódios como o surto na Itália reforçam a visão de que o novo coronavírus tem "potencial pandêmico", porém ele não acredita que haja, ao menos por ora, uma propagação descontrolada da doença ao redor do mundo.

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