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Oposição ouve ex-diretor da Petrobras extraoficialmente

Ildo Sauer alegou que não sabia das irregularidades existentes em contratos da estatal e contou que sua demissão foi decorrente de divergências com o “grupo hegemônico” que estava na empresa e no Planalto

3 dez 2014 - 21h26
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A Comissão Mista que investiga denúncias de desvios de recursos públicos na Petrobras colhe depoimento de Ildo Luís Sauer (à direita), ex-diretor de Gás e Energia da Estatal
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

A comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na Petrobras teve nesta quarta-feira uma sessão extraoficial. Uma sessão ordinária tinha sido marcada para ouvir o ex-diretor de Petróleo e Gás da companhia, Ildo Sauer, mas diante do início de votações em sessão conjunta do Congresso, a oitiva foi cancelada.

No entanto, ao ver a imprensa abordar Sauer para questionamentos, alguns parlamentares de oposição pediram que ele se sentasse e decidiram fazer uma sessão extraoficial de perguntas. “A imprensa registrará e, depois, cada bancada [partidária] encaminhará para o relator o que foi dito aqui”, defendeu o deputado Ônix Lorenzzoni (DEM-RS).

No depoimento, Sauer esclareceu que saiu da Petrobras em 2007 e declinou de diversas perguntas, alegando que não tinha conhecimento sobre diversas irregularidades em contratos da companhia, noticiadas recentemente. Segundo ele, sua saída aconteceu por divergências com o “grupo hegemônico” que estava na companhia e no Planalto, inclusive a então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, em especial sobre a política energética brasileira.

Sauer disse ainda que suas divergências eram político-administrativas, e prefere “pensar” que sua demissão não está ligada ao fato de ele não querer fazer parte do esquema de corrupção montado para abastecer partidos políticos. “Eu continuo achando que me demitiram, que eu não estava sendo adequado para a política que estavam implementando”, disse. “Encarei sem espanto e sem alegria [a demissão]”, completou.

O ex-diretor defendeu a companhia e disse que é necessário “extirpar alguns cânceres” que estão lá, se referindo aos recentes escândalos de corrupção. Sauer também relatou que ainda era diretor, em 2006, quando o projeto de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi aprovado. Ele se disse favorável ao projeto na época, e explicou que se as reformas previstas inicialmente tivessem sido feitas, a aquisição teria sido rentável para a Petrobras.

“Se o revamp tivesse sido feito, o investimento teria sido de R$ 520 milhões, e nos últimos quatro anos a Petrobras teria auferido R$ 845 milhões. Isso são estimativas minhas, já que eu não estou mais na companhia e hoje sou professor da USP [Universidade de São Paulo]”, explicou Sauer.

O revamp, segundo ele, é a reforma necessária para transformar uma refinaria especializada em óleo leve – o petróleo considerado bom – para torná-la capaz de refinar óleo pesado – de menor qualidade. “É como você pegar um boi gordo e depois pegar um boi zebu magro e tirar dele a carne com a mesma qualidade do outro. Na pecuária isso não existe, mas em refino de petróleo é possível”, disse.

Apesar da oitiva ter durado cerca de duas horas, é pouco provável que ela seja incorporada de fato ao relatório do deputado Marco Maia, que precisa ser votado até o dia 22 deste mês. Como se tratou de uma sessão não oficial, o que foi dito por Sauer não foi registrado pela secretaria da comissão, e sequer foi gravado. Entretanto, o ex-diretor chegou a entregar para o presidente em exercício da CPMI, senador Gim Argello (PTB-DF), antes do encerramento da sessão oficial, um relatório preparado por ele com detalhes técnicos sobre Pasadena e outras questões. Este relatório deve ser encaminhado a Maia.

Agência Brasil Agência Brasil
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