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Palocci confirma denúncia do MPF de compra de imóvel para Instituto Lula pela Odebrecht

6 set 2017 - 20h10
(atualizado às 21h10)
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Na primeira vez que um importante quadro petista acusa diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Antonio Palocci Filho afirmou nesta quarta-feira que é "procedente" a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) de que a Odebrecht comprou um imóvel em São Paulo para abrigar a futura sede do Instituto Lula.

Ex-ministro Antonio Palocci é escoltado por policiais federais em Curitiba
26/09/2016 REUTERS/Rodolfo Buhrer
Ex-ministro Antonio Palocci é escoltado por policiais federais em Curitiba 26/09/2016 REUTERS/Rodolfo Buhrer
Foto: Reuters

"De fato, queria dizer a princípio que a denúncia procedente. Os fatos narrados nesta denúncia, os fatos narrados nela são verdadeiros", disse Palocci, logo no início da acusação criminal.

Preso há quase um ano pela operação Lava Jato, o ex-ministro depôs como testemunha no processo conduzido pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, contra Lula. Ele disse no início do depoimento de duas horas que preferia "falar", mesmo sem ter o amparo de qualquer acordo de delação premiada, que tenta fechar com o MPF.

Segundo Palocci, a acusação referente ao imóvel é um capítulo de um livro de uma história maior, do relacionamento da Odebrecht com o governo Lula e com a ex-presidente Dilma Rousseff.

O ex-ministro disse que, em meados de 2010, Lula conversou com ele a respeito da compra de um imóvel para abrigar o acervo do então presidente. A ideia, informou, era fazer uma espécie de museu da memória dos governos dele.

Palocci afirmou ter sido informado pelo próprio Lula que o patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, havia comprado um terreno com essa destinação, como parte de uma série de iniciativas para tentar garantir, com o futuro governo da presidente Dilma Rousseff, o mesmo relacionamento "fluído" que tinha com a gestão do então presidente.

"(O Emílio) procurou o presidente Lula e levou um 'pacote de propinas' para o presidente, que envolvia esse terreno do Instituto lula, que já estava comprado, o sítio para uso da família do presidente Lula, e também disse que ele tinha à disposição dele, para as atividades políticas, de 300 milhões de reais", disse.

A Moro, Palocci afirmou que não gostava dessa solução encontrada --da compra direta do imóvel pela empreiteira. Chegou a classificar no depoimento a forma de aquisição de "completamente torta" e que iria dar "confusão", comentários que disse ter feito ao então presidente. Lula, segundo o ex-ministro, estava sendo pressionado pela ex-primeira dama Marisa Letícia para acatar essa sugestão.

"Eu não estava de santo na história. Eu só achava que nosso ilícito com a Odebrecht estava muito grande. Eu achei que a compra (do terreno) não precisava ser um ilícito. Pelo menos não precisava ser um ilícito travestido de ilícito", disse.

A compra do terreno para o Instituto Lula, posteriormente, não foi concretizada. Lula depõe neste processo na próxima semana.

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