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Pandemia deve piorar em 23 Estados e no DF, diz Fiocruz

Há poucos dias, a própria Fiocruz classificou os atuais números de mortes e hospitais lotados como o "maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil". A lotação crescente dos leitos brasileiros deve agravar ainda mais o número de óbitos pela doença. Maior cidade do país, São Paulo registrou nesta quinta-feira (18) a primeira morte por falta de leito de UTI.

18 mar 2021 - 12h49
(atualizado às 12h59)
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O número de pessoas internadas por casos suspeitos ou confirmados de covid-19 deve piorar em regiões de 23 Estados e do Distrito Federal, segundo dados divulgados por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta semana.

Foto: BBC News Brasil

Há poucos dias, a própria Fiocruz classificou os atuais números de mortes e hospitais lotados como o "maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil".

A lotação crescente dos leitos brasileiros deve agravar ainda mais o número de óbitos pela doença. Maior cidade do país, São Paulo registrou nesta quinta-feira (18) a primeira morte por falta de leito de UTI. Além disso, pela natureza da covid-19, o aumento atual no número de casos só deve se refletir em aumento das mortes duas a três semanas depois.

A tendência é que esses números de internações por covid-19 cresçam em 14 capitais, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Maceió.

Apenas os Estados do Acre, Roraima e Paraná não têm atualmente regiões com tendência de alta. Mas essa situação pode mudar de uma semana para outra.

As projeções são feitas com base nos dados de 7 a 13 de março de 2021 e constam em levantamento semanal feito pela Fiocruz a partir de informações disponíveis no InfoGripe/Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe, principal base de dados de monitoramento de hospitalizações por casos confirmados ou suspeitos de covid-19.

Desde o início da pandemia, mais de 1,5 milhão de pessoas foram internadas ou morreram no Brasil com problemas respiratórios, segundo dados do Em comparação, durante a pandemia de H1N1 no ano de 2009, foram internadas 202 mil pessoas.

Os dados regionais de cada Estado dão, obviamente, uma perspectiva mais precisa do que esperar para os próximos dias com base no que vem ocorrendo nas últimas semanas. Mas é importante registrar que a Fiocruz trata de tendências estatísticas, que podem se confirmar ou não ao longo do tempo. Por isso, os cálculos também levam em conta a probabilidade de isso se confirmar.

Exemplos: o dado geral da Bahia aponta uma estabilização das internações por covid-19. Mas os dados mais detalhados indicam que há mais de 95% de chance de a região do Extremo-Oeste da Bahia ter alta nas próximas semanas, e mais de 75% de chance de haver alta na região do Sul do Estado.

O mapa abaixo produzido pela Fiocruz aponta em marrom onde há chance de alta, em branco onde parece haver estabilização e em verde onde a pandemia dá sinais de queda. O infográfico usa dados das últimas seis semanas.

Brasil deve passar de 400 mil mortes em maio

Especialistas consideram que o Brasil passa pelo pior momento da pandemia. Nos últimos dias, o país vem registrando seguidos recordes de mortes diárias.

A média atual é de 2.107 óbitos por covid-19, e é a primeira vez desde o início da pandemia que o país ultrapassa essa média de 2.000 mortes. Em 16/3, foram registradas 2.841 mortes em 24 horas.

Segundo dados da plataforma Our World in Data, da Universidade Oxford (Reino Unido), a média de mortes dos últimos sete dias vem acelerando no Brasil desde 21 de fevereiro, quando atingiu 4,88 óbitos por 1 milhão de pessoas. Em 18 de março, a taxa foi de 9,49 óbitos por 1 milhão de pessoas, mais que o dobro.

Na semana passada, por exemplo, o Brasil teve mais mortes em um período de 24h do que todo o continente asiático, cuja população é mais de 20 vezes superior à brasileira.

Até agora, o Brasil registrou oficialmente 11,7 milhões de casos e 285 mil mortes em decorrência da doença.

Especialistas tentam projetar, com base nos dados disponíveis atualmente, quais são os possíveis cenários para as próximas semanas no Brasil. Esses cálculos levam em conta o cenário de hoje, e qualquer mudança, como a adoção de um lockdown ou o avanço acelerado da vacinação, pode tornar as previsões mais distantes da realidade do que já são.

O laboratório nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, por exemplo, calcula projeções para todos os países. Segundo o modelo matemático da instituição, os dados atuais apontam que o Brasil se aproxima no futuro do que se chama de pior cenário ("worst-case scenario"), com o país atingindo a marca de 442 mil mortes até o 25 de maio. No melhor cenário projetado, com um avanço 4 vezes mais lento, seriam 347 mil mortes até essa data.

Pesquisadores brasileiros, principalmente ligados à Universidade de São Paulo (USP), fazem projeções para um horizonte menor, porque é enorme o grau de incerteza envolvido em análises de longo prazo.

Segundo eles, o Brasil deve totalizar 310 mil mortes em 27 de março.

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