Para Maia, governo não jogou a toalha na reforma da Previdência
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira que não interpretou as declarações do presidente Michel Temer, na véspera, como um sinal de desistência do governo de aprovar a reforma da Previdência.
Admitiu, no entanto, que o tema é polêmico e não instiga otimismo, ainda mais após o desafio enfrentado pela base do governo para rejeitar a segunda denúncia contra Temer.
"Não interpretei desse jeito tão pessimista", disse Maia a jornalistas ao ser questionado sobre fala do presidente na segunda-feira em reunião com lideranças partidárias.
Na ocasião, Temer afirmou que se o Congresso não quiser aprovar a reforma da Previdência, "paciência", acrescentando em seguida que continuará trabalhando para realizá-la.
"Se em um dado momento a sociedade não quer a reforma da Previdência, a mídia não quer a reforma da Previdência e a combate e, naturalmente, o Parlamento que ecoa as vozes da sociedade também não quiser aprová-la, paciência. Eu continuarei a trabalhar por ela", disse o presidente na véspera.
Maia, no entanto, reconheceu as dificuldades e voltou a dizer que o presidente precisa ouvir lideranças e presidentes de partidos para reorganizar sua base.
"Esse nunca é um tema para a gente estar otimista. É sempre um tema muito polêmico porque sempre se vende a tese que a reforma da Previdência vem para tirar dos pobres e o que o projeto trata de forma fundamental é exatamente o contrário", argumentou o deputado.
"Acho que aqueles que votaram para o adiamento da investigação (contra Temer) para janeiro de 2019 tiveram uma atitude muito corajosa. Então não dá para a gente cobrar nada neste momento", avaliou.
Maia acrescentou que outros projetos que aguardam votação na Câmara podem ajudar no equilíbrio das contas públicas, mas defendeu a reforma como medida essencial para estabilizar o déficit da Previdência.
ELETROBRAS
O presidente da Câmara também aproveitou para elogiar a decisão do governo de enviar por meio de projeto de lei a modelagem da privatização da Eletrobras, e não por medida provisória.
Há algumas semanas, Maia bateu de frente com o governo e ameaçou devolver MPs que fossem encaminhadas ao Congresso que não se encaixarem nos pressupostos de relevância e urgência.
"Acho que é o caminho certo. Você não pode querer vender um ativo por meio de uma medida provisória", disse.