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Para Marco Aurélio Mello, do STF, interferência de Bolsonaro na PF relatada por Moro é imprópria

24 abr 2020 - 16h03
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello classificou nesta sexta-feira como imprópria a tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na escolha do diretor-geral da Polícia Federal, o que culminou no pedido de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, avaliando que o país agora vive uma "crise institucional", em meio à pandemia do novo coronavírus.

Ministro do Supremo Marco Aurélio Mello
22/03/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro do Supremo Marco Aurélio Mello 22/03/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"Isso é impróprio porque a Polícia Federal não é um órgão de governo, é uma polícia de Estado. Não dá para confundir", disse Marco Aurélio em entrevista por telefone à Reuters.

Em pronunciamento mais cedo, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir na escolha do novo diretor-geral da PF e disse que o presidente queria mudar o comando da corporação usando como uma das alegações preocupação com o andamento de investigações autorizadas pelo Supremo, que serão conduzidas pela corporação.

Segundo ministro mais antigo do Supremo, Marco Aurélio elogiou o pronunciamento de Moro.

"Minha admiração por ele só cresceu", disse. "Tudo foi exposto pelo ministro (Moro) de forma muito clara", completou.

Marco Aurélio disse, no entanto, que é preciso aguardar os desdobramentos, sendo ainda cedo para se pronunciar sobre o que vai ocorrer. Questionado se a fala de Moro é passível de provocar uma investigação contra o presidente no Supremo, Marco Aurélio preferiu não opinar por ora.

"Não sei, tem que aguardar. O Supremo só agenda quando for provocado", afirmou, ao completar que a Câmara dos Deputados também só age, em um eventual processamento de um pedido de impeachment, por provocação.

Para o ministro do STF, o país, que já atravessava uma "crise aguda" do ponto de vista sanitário, econômico e social em razão do avanço do coronavírus, está agora diante de uma "crise institucional".

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