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Parte valiosa do acervo do Museu Nacional pode estar a salvo

4 set 2018 - 11h03
(atualizado às 13h33)
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Esperança de pesquisadores da instituição repousa em cofres e armários de aço, onde estavam peças valiosas. Também o crânio de Luzia pode ter escapado das chamas. Mas muito material certamente foi perdido.Pesquisadores que trabalham no Museu Nacional nutrem a esperança de que ao menos uma pequena parte do valioso acervo, em especial peças mais raras e valiosas das áreas de arqueologia e paleontologia, possa ter sido salva das chamas dentro de cofres e armários de aço especiais. Entre elas está o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, com mais de 11 mil anos.

Foto: DW / Deutsche Welle

Uma ideia mais clara da situação, porém, somente será possível nos próximos dias. Os pesquisadores ainda precisam aguardar o fim da perícia do prédio para poder entrar nele e vasculhar os escombros.

"As pessoas foram de manhã tentar achar a Luzia, mas parece que ela estava numa caixa e tem muito escombro. Não sabemos se ela pode ter resistido dentro dessa caixa. Tem que fazer a perícia para liberar o prédio. Da parte lá de trás, do departamento de geologia e paleontologia, parece que sobrou alguma coisa", disse a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo, nesta segunda-feira (03/09) à Agência Brasil.

De acordo com Serejo, alguns departamentos do museu tinham suas peças mais valiosas em cofres, que podem ter resistido às altas temperaturas. Porém, a coleção de entomologia, que ficava no terceiro andar, certamente não resistiu, acrescentou a diretora. "Isso foi uma perda gravíssima. Estava em armários compactadores, mas como desabaram, foi um impacto muito grande", afirmou.

O biólogo Helder de Paula Silva, um dos responsáveis pela coleção de paleontologia, disse que os esqueletos de dinossauros que estavam em exposição eram, em sua maioria, réplicas, e que grande parte deles, os com maior valor científico, ficava dentro de um armário de aço compactador, que é fechado e pode resistir a altas temperaturas.

"Nós ainda temos esperança de que a coleção tenha se salvado, pois uma boa parte desse material não estava na parte que foi mais atingida, que era a da exposição, mas na reserva técnica, dentro de armários compactadores. A maioria desses armários estava fechada, no térreo, e foi atingida por material que caiu dos andares superiores. Então não dá para saber o estado atual do material que estava lá dentro. Mas temos esperança de que alguma coisa tenha sido preservada em condições de ainda ser aproveitada", disse o biólogo.

Segundo ele, o crânio de Luzia está numa região muito atacada pelo fogo e, por isso, difícil de ser acessada. Ele considerou, porém, que as múmias egípcias foram totalmente perdidas, com exceção de uma, que pode ter sido preservada.

O pesquisador Renato Cabral Ramos também tem esperanças de encontrar algumas peças intactas, que ficaram guardadas dentro de cofres nos departamentos. "Eu estive no departamento junto com um bombeiro para vermos a situação. Os armários compactadores, de aço, ainda estão em pé, com muito entulho em cima. Temos esperança de que os fósseis ali dentro possam ser salvos, assim como os materiais que estavam dentro dos cofres", disse.

O material que o biólogo Paulo Buckup pesquisava há 22 anos no Museu Nacional estava guardado num prédio separado do palácio. Mesmo assim, ele somou esforços aos mais de 30 servidores e voluntários que entraram no museu durante o incêndio para salvar alguma parte do acervo, sob risco de desabamento do teto.

"Eu pensei que podia morrer, mas era minha vida e a vida dos meus colegas. Aqui 'morreram as vidas' de muitos colegas. Vi funcionários aposentados que vieram transtornados porque não só a vida de nossos ancestrais em pesquisa foi perdida, mas a vida inteira deles foi perdida", lamentou, em declarações à Agência Brasil.

AS/abr

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