PF conclui que traficante foi mandante das mortes de Dom e Bruno
Suspeito de liderar organização criminosa de pesca ilegal no Vale do Javari estaria por trás dos assassinatos, afirma superintendente da PF. Também é identificado mais um suspeito de envolvimento nos crimes.O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Fontes, confirmou nesta segunda-feira (23/01) que o traficante Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, foi o mandante dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho do ano passado, no Vale do Javari, no Amazonas.
Bruno e Dom foram mortos a tiros na manhã do dia 5 de junho, durante uma expedição pelo Vale do Javari, e tiveram seus corpos queimados e enterrados. Seus cadáveres só foram encontrados dez dias depois.
Villar é suspeito de liderar uma organização criminosa de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, localizada na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.
Segundo as investigações, ele tinha relação direta com Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", que está preso e confessou participação nas mortes de Bruno e Dom. O irmão de Amarildo, Oseney, e Jefferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", também estão sob custódia por envolvimento nos crimes.
"Não tenho dúvida que o mandante foi o 'Colômbia'. Temos provas que ele fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo", disse Fontes.
A PF conseguiu identificar a participação de mais um irmão de Amarildo no crime. Edvaldo da Costa Oliveira teria fornecido a arma utilizada para matar Dom e Bruno. Ele vai responder como partícipe nas mortes.
"Nas nossas investigações iniciais, ele teria participado da ocultação de cadáver, mas ficou evidente que ele participou materialmente. Ele entregou a espingarda calibre 16 nas mãos do Jeferson, ciente de que ele a utilizaria no assassinato de Bruno e Dom", disse Fontes.
Primeiras audiências
O indigenista e o jornalista desapareceram durante uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho uma embarcação no rio Itaquaí, ao passarem pela comunidade de São Rafael, rumo a Atalaia do Norte.
Eles teriam sido mortos a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Um laudo de peritos da PF concluiu que Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça, enquanto Dom foi baleado uma vez, no tórax.
Na semana passada, a Justiça Federal do Amazonas remarcou as primeiras audiências do processo sobre os assassinatos de Dom e Bruno. Após um adiamento por problemas técnicos, as oitivas foram confirmadas para ocorrerem em 20, 21 e 22 de março.
O processo tramita na Vara Federal de Tabatinga (AM). O juiz do caso, Fabiano Verli, disse que serão ouvidas nas primeiras audiências as testemunhas de acusação e de defesa e os réus.
Tabatinga, localizada na tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru, é cidade é a segunda mais próxima de Atalaia do Norte, município vizinho da TerraIndígena Vale do Javari.
A região onde o crime ocorreu tem a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo e é alvo da cobiça de criminosos.
rc (ots)