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PF faz buscas e apreensão em endereços de Cunha; confira denúncias

15 dez 2015 - 09h53
(atualizado às 10h46)
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Em mais uma fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, a PF (Polícia Federal) cumpre mandado de busca e apreensão em endereços do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em Brasília e no Rio de Janeiro.

A ação atinge também outros dos principais nomes do PMDB, como o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), considerado o interlocutor do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nos desvios da estatal; o senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), também investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) na Lava Jato, e o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Até agora, Alves não estava incluído em nenhum dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal para investigar o envolvimento de políticos nos desvios da Petrobras.

São ao todo 53 mandados de busca e apreensão em sete Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte) e Distrito Federal. O objetivo, segundo a PF, é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. Também foram autorizadas "apreensões de bens adquiridos pela prática criminosa", informou o comunicado divulgado pela polícia.

A etapa atual da operação foi batizada de 'Catalinárias', como ficou conhecida a série de quatro discursos célebres do orador romano Cícero contra o senador Catilina, que planejava derrubar a República.

Não há prisões, ao menos por enquanto, nessa nova fase, que se restringe a autoridades políticas.

Cunha é alvo de dois inquéritos por suspeita de ligação com o esquema de corrupção na estatal. Segundo delatores, ele teria recebido propinas que abasteceram contas mantidas pelo peemedebista e familiares na Suíça. Ele nega todas as acusações.

O deputado foi denunciado pela PGR (Procuradoria Geral da República) ao Supremo pelos supostos crimes há quatro meses, mas até hoje as denúncias ainda não foram acolhidas.

Confira as denúncias:

1 – Navios-sonda

Segundo delatores, Cunha teria recebido US$ 5 milhões em propinas sobre contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.

Preso na Lava Jato, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo disse que o valor teria sido pago ao peemedebista para que os contratos fossem viabilizados.

Segundo Cunha, o delator está "sendo obrigado a mentir".

Além dos US$ 5 milhões, o deputado teria exigido pagamento de propina ao doleiro Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema da Petrobras. Em depoimento de delação premiada, Baiano confirmou o pagamento de propina a Cunha.

2 – Contrato de exploração de petróleo na África

Cunha teria recebido propina referente ao contrato de exploração pela Petrobras de uma área de exploração de petróleo em Benin, no oeste da África.

Extratos bancários e documentos enviados à PGR por autoridades suíças indicam que o peemedebista era titular de quatro contas no país. Em uma delas, segundo o Ministério Público suíço, foram depositados 1,3 milhão de francos suíços.

Outro operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, João Augusto Rezende Henriques, também preso na Lava Jato, afirmou em depoimento à PF que fez uma transferência para uma conta do deputado. A transferência seria referente à negociação da área de exploração de petróleo no país africano.

Conselho de Ética

Cunha foi alvo de uma representação, encabeçada por PSOL e Rede, que pede sua cassação por corrupção e por ter mentido, ao ser questionado na CPI da Petrobras, sobre a posse de contas bancárias fora do país.

O Código de Ética da Casa prevê que "omitir intencionalmente informação relevante" justifica a perda de mandato.

Na semana passada, o Conselho de Ética da Câmara adiou pela sexta vez a votação sobre a cassação de Cunha após a destituição do antigo relator.

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