PF prende militares suspeitos de planejar golpe de Estado e morte de Lula; o que se sabe
A operação, batizada de 'Contragolpe', é parte de um inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado e ações antidemocráticas que marcaram o período eleitoral de 2022, culminando nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023
A Polícia Federal realizou, na manhã desta terça-feira (19/11), uma operação para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão contra suspeitos de integrar uma organização criminosa que, em 2022, teria planejado um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme informações da PF, o grupo elaborou o plano intitulado "Punhal Verde e Amarelo", que previa o assassinato de Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
Também constava no esquema a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que vinha sendo monitorado.
'Kids pretos': quem são os presos
Segundo a apuração do site G1, cinco pessoas foram presas com autorização do STF, incluindo quatro militares do Exército, vinculados às forças especiais e conhecidos como "kids pretos": o general de brigada da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. Além deles, foi preso o policial federal Wladimir Matos Soares.
Mario Fernandes atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro. Ele também exerceu a função de assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), mas foi afastado do posto por determinação do STF.
Além de solicitar a prisão preventiva, uma petição enviada ao Supremo Tribunal Federal, que tem como relator o ministro Alexandre de Moraes, determina a realização de buscas e apreensões relacionadas a outros investigados.
Entre as medidas cautelares pedidas estão a proibição de contato entre os investigados, inclusive por advogados; a proibição de saída do país, com entrega de passaportes em 24 horas; e a suspensão do exercício de função pública. Também foi requisitado o envio de ofícios ao Exército e à Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, além do levantamento de sigilo e monitoramento.
A operação, batizada de "Contragolpe", é parte de um inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado e ações antidemocráticas que marcaram o período eleitoral de 2022, culminando nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
De acordo com a Polícia Federal, o plano "Punhal Verde e Amarelo" previa um ataque no dia 15 de dezembro de 2022.
Segundo a petição enviada ao STF, a Polícia Federal indicou que a investigação envolve a atuação de uma organização criminosa com diversas frentes, incluindo ataques a opositores, instituições e ao sistema eleitoral, além de uma tentativa de golpe de Estado e a violação do Estado Democrático de Direito.
O documento descreve, em trecho atribuído à Polícia Federal:
"As ações operacionais identificadas tinham como finalidade assegurar a prisão da referida autoridade, caso o Golpe de Estado se consumasse, ou, de maneira alternativa, a sua execução."
"Com planejamento, coordenação e execução típicos de uma operação militar especial, as ações demonstram um detalhado plano de atuação que envolve técnicas de anonimização, monitoramento clandestino e emprego ilícito de recursos públicos."
Também foram investigadas ações contra as vacinas da Covid-19 e medidas sanitárias, e o uso indevido da estrutura estatal para ganhos pessoais, como o uso de cartões corporativos para despesas pessoais, falsificação de dados de vacinação e o desvio de bens de alto valor.
A petição se concentra na tentativa de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República se posicionou favoravelmente à adoção das medidas cautelares solicitadas.
Os militares foram detidos no Rio de Janeiro, onde participavam da segurança do encontro de líderes do G20. As prisões foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes e realizadas antes das 6h50 desta terça.
A investigação avançou após a análise de arquivos eletrônicos obtidos com militares investigados, incluindo materiais apagados dos dispositivos do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que foram recuperados pela PF.
Há previsão de que o inquérito seja concluído ainda este ano. Mauro Cid deve prestar novo depoimento nesta terça-feira (19/11).