PF faz operação em MG contra esquema de migração ilegal para os EUA que lucrou R$11,5 mi
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação para desarticular um esquema criminoso em cidades de Minas Gerais para promover a entrada ilegal de brasileiros nos Estados Unidos com o uso de documentos falsos.
Os policiais cumpriram oito mandados de busca e apreensão em casas e endereços comerciais de Belo Horizonte, Ipatinga e Sardoá. Foram apreendidos cinco veículos, relógios, mobílias e objetos de arte de alto valor, afirmou à Reuters o delegado da PF Wesley Amato, responsável pela operação.
A pedido da PF, a Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens dos investigados. As investigações apontaram que o esquema lucrou 11,5 milhões de reais.
Segundo Amato, conforme as investigações, ao menos 115 pessoas, inclusive crianças, foram enviadas ilegalmente para os EUA desde 2020 com uso de documentos falsos.
De acordo com o delegado, os imigrantes se valiam do sistema chamado Cai-Cai, no qual os imigrantes constituíam famílias de forma ilegal, em que documentos de identidade de crianças eram falsificados para comprovar um suposto parentesco, de forma a garantir um acesso facilitado via fronteira do México nos Estados Unidos. O grupo conseguia passaportes materialmente válidos mas que não tinham visto.
A atual política migratória norte-americana, conforme Amato, permite que pais com crianças possam responder a processo de imigração ilegal em liberdade. Contudo, após garantirem ingresso aos EUA, os brasileiros desapareciam e iriam tocar a vida. Cada núcleo familiar pagava, em média, 12 mil dólares aos facilitadores.
A PF chegou a pedir a prisão preventiva dos oito investigados no esquema por eles estarem viajando com frequência aos EUA e à América Central, disse o delegado. O juiz rejeitou o pedido, mas determinou uma série de medidas cautelares diversas da prisão, como apreensão de passaporte e proibição de deixar o país.
Segundo Amato, embora a quantidade de alvos da operação não seja grande, trata-se de uma operação relevante para Ipatinga e imediações, onde fica o Vale do Aço, região próspera em Minas Gerais.
"Foi um trabalho muito importante na região porque os alvos de hoje eram tidos como intocáveis", disse ele.
Outra fonte da PF com conhecimento da operação afirmou ainda que o esquema era tão estruturado que, além das falsificações de documentos, havia uma pousada em Belo Horizonte que servia de base para os brasileiros resolverem as questões antes da partida aos EUA: compra de passagens e resolução dos trâmites burocráticos e ilegais.
Cidades do interior de Minas Gerais são historicamente conhecidas por terem pessoas que buscam promover migração, legal e ilegal, para os EUA.
O debate sobre a entrada de migrantes nos EUA tem sido um dos principais temas na corrida presidencial daquele país.