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Polícia nega bilhete homofóbico em jovem gay assassinado

11 set 2014 - 16h44
(atualizado às 16h47)
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<p>João Antônio Donati</p>
João Antônio Donati
Foto: João Antônio Donati / Facebook / Reprodução

As estatísticas de crimes motivados por homofobia no Brasil aparentemente aumentaram ainda mais. Nesta quarta-feira, João Antonio Donati, de 18 anos, foi encontrado morto em um terreno abandonado de Inhumas, região metropolitana de Goiânia. Na boca do jovem, que era homossexual, havia uma sacola plástica, possivelmente utilizada no assassinato. 

De acordo com uma representante da Polícia Civil da cidade, ele tinha marcas de agressão no rosto, mas não estava com as pernas quebradas e nem com um bilhete com declarações homofóbicas, como foi noticiado inicialmente por alguns veículos da imprensa.

A funcionária do local passou as informações ao Terra a pedido do delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso. Durante a tarde, segundo ela, ele estava "ocupado" ouvindo amigos e familiares da vítima que estiveram na delegacia para prestar depoimentos. 

Repercussão

Nas redes sociais, militantes da causa LGBT já organizaram uma série de protestos para exigir respostas das autoridades sobre o assassinato do rapaz e pedir a aprovação da lei que determina a criminalização da homofobia no País. Uma das mobilizações acontece no próximo sábado, no Largo do Arouche, em São Paulo.

“Este protesto é para você, João Antonio Donati, e para toda a sua família, amigos e conhecidos, que sofrem da sua perda prematura e de forma tão trágica e cruel. Este ato é uma resposta de todos os LGBTs de São Paulo, direcionada aos que são contra a Lei que criminaliza a #HomoLesboTransFobia. Exigimos, todos nós, LGBT's (somos muitos e temos direitos), que a Lei PLC122/06 seja aprovada em Brasília no Congresso Nacional”, diz a descrição da página do evento no Facebook. 

Alguns candidatos das eleições de 2014 também fizeram questão de se manifestar. É o caso de Jean Wyllys (PSOL), deputado federal do Rio de Janeiro que concorre à reeleição. 

"Eu já disse uma vez e vou repetir. Cada uma dessas vítimas tem um algoz material — o assassino, aquele que enfia a faca, que puxa o gatilho, que 'desce o pau', como o pastor mala  [referência a Silas Malafaia] pediu numa de suas famosas declarações televisivas. Mas há outros algozes, que também têm sangue nas mãos. São aqueles que, no Congresso, no governo e nas igrejas fundamentalistas, promovem, festejam, incitam ou fecham os olhos, por conveniência, oportunismo, poder e dinheiro, cada vez que mais um LGBT é morto. Eles também são assassinos. Até que ponto vamos ter que esperar para que alguém tenha a coragem de pôr um fim nisto?", escreveu em seu site oficial.

Bill Santos (PSOL) e Maurício Moraes (PT), que disputam o cargo de deputado federal por São Paulo, foram outros que se manifestaram nas redes. 

O comediante Gustavo Tonini, conhecido por interpretar a drag-queen Priscilla Tonini, foi além. No perfil da personagem do Facebook, ele compartilhou uma suposta foto do corpo do rapaz e fez provocações a grupos religiosos.

"Imagem é forte? É sim. Parabéns Feliciano, Malafaia, Edir Macedo e demais corja de intolerantes. As suas falas e todos os demais métodos de intolerância causam isso aqui. Mataram, quebraram as pernas, estrangularam e deixaram um bilhete na boca dizendo que vão acabar com essa raça. Única coisa que digo é: Parabéns a você intolerante e você 'viado' burro que por despeito não vota em candidatos LGBT. Enquanto sua ignorância prevalecer ainda veremos cenas como estas! Ai vai pra rua fazer parada gay? Pra que? Revindicar o que mesmo? Deus conforte a familia dessa alma que estava na flor da idade. Eu já tive a idade dele. E ele não terá a minha...", postou.

Fonte: Terra
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