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Polícia

Acusado de atacar Porta dos Fundos impõe condição para voltar

Eduardo Fauzi está na Rússia desde 29 de dezembro; defesa afirma que aguarda julgamento de habeas corpus para que seu cliente retorne ao País

15 jan 2020 - 20h28
(atualizado às 21h34)
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O economista Eduardo Fauzi, de 41 anos, acusado pela Polícia Civil do Rio de ser um dos responsáveis pelo ataque à produtora do grupo humorístico Porta dos Fundos, só deve voltar ao Brasil se a Justiça revogar a ordem de prisão temporária por 30 dias que vigora contra ele desde 31 de dezembro. A afirmação foi feita nesta quarta-feira, 15, por três advogados que defendem Fauzi.

Ele está na Rússia desde 29 de dezembro, quando sua prisão ainda não havia sido decretada - e tem passagem comprada para retornar ao Brasil em 30 de janeiro. O atentado com coquetéis molotov ocorreu no Humaitá (zona sul), na madrugada de 24 de dezembro.

Fauzi embarcou para Rússia, onde visitou filho
Fauzi embarcou para Rússia, onde visitou filho
Foto: Reprodução / Estadão Conteúdo

Um habeas corpus em favor do economista foi ajuizado no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) e distribuído, segundo os advogados, ao desembargador Jose Muiños Piñeiro Filho, da 6ª Câmara Criminal, mas ainda não há previsão de julgamento.

"Acredito que o habeas corpus seja julgado antes do dia 30 e concedido, e então meu cliente retorna ao Brasil para responder à acusação em liberdade. Se (o pedido) for negado, vamos ao Superior Tribunal de Justiça", afirmou Diego Rossi Moretti, um dos advogados.

Segundo ele, se a prisão for mantida, a orientação será para que Fauzi permaneça na Rússia. "Assim que soube da ordem de prisão, ele queria voltar ao Brasil imediatamente, cancelando os compromissos que tem na Rússia. Mas a equipe de advogados recomendou que ele permanecesse lá. Consideramos a ordem de prisão injusta", classificou Moretti.

O advogado diz que as imagens de que a polícia dispõe mostram pessoas com capuz lançando os artefatos contra a produtora, e, em outro momento, Fauzi sem capuz.

"Não dá para concluir que ele lançou algum artefato", disse Moretti, que admite uma "participação simbólica" de seu cliente no crime. "É um absurdo indiciá-lo por tentativa de homicídio. A polícia só fez isso porque, se o acusasse apenas por explosão, não caberia prisão temporária."

Polícia propôs 'delação premiada', diz advogado de Fauzi

Segundo os advogados, Fauzi se dispõe a prestar depoimento direto da Rússia, por videoconferência, e a Polícia Civil teria proposto uma "delação premiada": se ele contar quem são as outras pessoas que participaram do ataque teria benefícios como a redução da pena. "Mas a função de investigar cabe ao Estado", disse Moretti.

Os advogados negam que Fauzi conste da lista de procurados da Interpol (polícia internacional), como a polícia do Rio informou. Segundo a defesa, existe um pedido de inclusão na lista, mas ainda não foi atendido.

Informada pela reportagem sobre as críticas feitas pela equipe de advogados, a secretaria de Polícia Civil do Rio informou apenas que "as investigações correm sob sigilo".

Em carta, Fauzi diz que ataque à Porta dos Fundos foi 'puramente simbólico'

Por meio dos advogados, Fauzi divulgou nesta quarta-feira uma carta em que classificou o ataque como "puramente simbólico" e planejado para "que não houvesse nenhuma vítima ou dano material". Fauzi defendeu o crime que cometeu, assumido por um grupo que se definiu como integralista. O economista presidia a seção fluminense da Frente Integralista Brasileira. A entidade repudiou o ataque e expulsou o acusado.

"O ato foi belo e moral e a única alternativa possível ao criminoso Especial de Natal do Porta dos Fundos", escreveu. Fauzi disse que se tornou "perseguido político", "atacado da forma mais covarde e cruel por sua defesa de Deus".

O Especial de Natal do Porta dos Fundos chama "A Primeira Tentação de Cristo" e retrata Jesus Cristo como um homossexual que se envolve com Lúcifer. Nessa versão, Maria trai José com Deus. O especial de Natal chegou a ser censurado pela Justiça do Rio, a pedido da Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, mas foi liberado por ordem do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.

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