Acusado de matar cunhado no litoral de SP enviou áudio para advogado após crime: ‘Sou um bunda mole’

Mario Vitorino, preso acusado de matar o cunhado e sócio, o comerciante Igor Peretto, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, teria enviado um áudio para o próprio advogado após o crime. Segundo a Polícia Civil, o áudio foi extraído do celular de Mario, e consta em um relatório complementar de investigação. A gravação foi revelada inicialmente pelo portal G1 e confirmado pelo Terra. 

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Não há registro de quando a mensagem foi gravada, mas o acusado ainda estava foragido da Justiça quando a enviou, segundo a investigação.

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Mario Vitorino foi preso, assim como a esposa dele, Marcelly Peretto, que era irmã da vítima. Rafaela Costa, esposa de Igor, também foi presa. A hipótese é que os três teriam um envolvimento amoroso, sem que Igor soubesse. O homicídio teria sido premeditado por eles.

Veja o que diz Mario no áudio:

"Tô entregando a minha vida na sua mão, tipo quando eu escolhi, quando eu fui batizado, eu falei: 'A minha vida está na mão de Deus'.

Tô entregando na tua mão, doutor. Não tenho mais o que fazer, tá ligado?

Eu sei que tinha que ser forte. Não sou aqueles caras que é malandrão, que acha que é dono do mundo. Eu sou um p*** de um bunda mole, doutor. As ideia é essa.

O que eu fazia meu crime é para ganhar dinheiro, tá ligado?

O que aconteceu foi uma fatalidade e eu não tenho coragem de matar uma barata.

Não sei se você vai acreditar em mim também ou não.

Só tô te pedindo essa direção doutor, que não tenho mais ninguém para falar. É só contigo".

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) concluiu que os três acusados premeditaram a morte de Igor no dia 31 de agosto, porque ele era um “empecilho no triângulo amoroso”. De acordo com os depoimentos, Rafaela (esposa de Igor) tinha um caso com Mario (cunhado de Igor). Além disso, o advogado de Marcelly Peretto disse que as duas mulheres também tiveram um envolvimento amoroso.

As duas mulheres se entregaram à polícia e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mario ficou foragido da Justiça, e foi encontrado escondido na casa de um tio da viúva, no dia 15 de setembro.

O que diz a defesa

O advogado para quem Mario teria mandado o áudio já não é mais o defensor do acusado. A atual defesa se posicionou sobre o caso dizendo que só teve acesso recentemente às informações, e que trabalha para entender a lógica da acusação. "Eis que a investigação iniciou de uma forma (cenário de intensa luta e o suspeito ferido, com motivação passional) e depois mudou radicalmente o viés (fator econômico, execução)".

“Em primeiro lugar é necessário esclarecer que todo e qualquer diálogo entre cliente e advogado é confidencial, motivo pelo qual não poderia, em hipótese alguma, estar fazendo parte da investigação”, disse Mário Badures, advogado de defesa de Mario Vitorino.

“Por outro lado, a presente defensoria técnica foi constituída após a prisão do Sr Mário Vitorino ser efetivada, ou seja, tal diálogo se deu com outros defensores que nos antecederam”, continuou. “Por desconhecer a integralidade do acervo extraído no telefone, eis que se trata de áudios esparsos, todos esses detalhes serão observados na defesa por escrito e na instrução criminal”.

Entenda o caso

O comerciante Igor Peretto foi encontrado morto a facadas dentro do apartamento da irmã dele, Marcelly Peretto, em Praia Grande, litoral paulista, no dia 31 de agosto. Ele era irmão do vereador de São Vicente Tiago Peretto.

Rafaela, que era casada com Igor, o teria traído com Mario Vitorino da Silva, companheiro de Marcelly, ou seja, cunhado e amigo da vítima. Igor teria descoberto a traição. Imagens de câmeras de segurança mostraram que Igor, Mario, Rafaela e Marcelly estiveram reunidos horas antes dele ser encontrado sem vida sozinho no apartamento.

Rafaela e Marcelly se entregaram à polícia, enquanto Mario ficou foragido. Ele foi encontrado pelo vereador Tiago Peretto, irmão da vítima, que viajou e fez campana para capturar o suspeito. O vereador compartilhou detalhes e mobilizou suas redes sociais para pedir justiça pelo irmão morto.

Os três foram presos pelo homicídio, sob suspeita de terem premeditado o crime porque a vítima era vista como um 'empecilho no triângulo amoroso' e também na expectativa de obter vantagem financeira com sua morte.

"Havia, portanto, relacionamento de natureza íntima e/ou sexual entre Rafaela, Mario e Marcelly, sem ciência e participação da vítima Igor. Assim, nesse verdadeiro triângulo amoroso, Igor tornou-se um empecilho. Por isso, Rafaela, Marcelly e Mario, em conluio, decidiram matar Igor", disse o Ministério Público em documento.