Acusado de tramar morte de ex-diretor da Friboi se diz envergonhado
Kairon disse ter atendido pedido de sua irmã, que pretendia matar o ex-marido. 'Fui manipulado. Não tive nenhum apoio'
Durante o seu interrogatório, Kairon Vaufer Alves, acusado de ser um dos mentores da morte do ex-diretor da Friboi Humberto de Campos Magalhães, em dezembro de 2008, afirmou se sentir envergonhado e arrependido pelo que fez. Ele teria sido contratado pela irmã, Giselma Campos Magalhães, para arrumar alguém que matasse Humberto, à época seu ex-marido.
"Sou muito arrependido. Tenho vergonha. Vida, só Deus tem direito de tirar. Queria pedir desculpas à família e filhos. É uma dor que nunca cicatriza. Se fosse comigo, da mesma forma, iria querer justiça", disse ele. O homem que cedeu a arma para o crime e o executor, contratados por Alves, já foram julgados e cumprem pena pelo crime.
O réu afirmou que após a repercussão do crime começou a se arrepender. "Vi a reportagem na televisão e só falavam bem dele (Humberto).” Durante o processo, Alves chegou a dizer que teria matado Humberto por conta de uma dívida de drogas que a vítima teria com ele. "Fui manipulado. Acho isso uma covardia.”
Apesar de serem irmãos, Alves afirma que ficou mais de 30 anos sem ver Giselma. Ele tem quatro condenações por tráfico de drogas, que lhe renderam mais de 18 anos de prisão. Quando Giselma o procurou para encomendar a morte do ex-marido, ele acreditou que ela estava o procurando para ajudá-lo.
"Ela me ligou para dizer que tinha uma coisa para tratar comigo e pagou a minha passagem para ir a São Paulo. Só depois ela disse que estava passando por um problema de família e que estava procurando uma forma para poder matá-lo", disse.
Segundo ele, uma das justificativas dadas por Giselma era a de que Humberto estava a ameaçando. O réu afirma não ter ficado com quantia alguma dos R$ 24 mil entregues por ela para o crime. "(O dinheiro) Foi todo repassado para os demais.”
Alves disso que nestes quase cinco anos que está preso, nunca recebeu uma visita de Giselma no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, em São Paulo. "Não tive nenhum apoio", disse.
Como foi o assassinato
Na noite do crime, Magalhães havia saído com seu Mercedes-Benz até a rua Alfenas, próximo à sua casa, após receber um telefonema - do telefone celular de seu filho - dizendo que ele teria passado mal e estaria ali. Um morador do local, em depoimento à polícia, disse que o executivo tocou a campainha de sua casa várias vezes. Quando atendeu, Magalhães contou a ele que tinha recebido uma ligação dizendo que seu filho estaria ali e havia uma criança chorando naquela casa - o que, segundo a polícia, seria uma espécie de senha combinada previamente com alguém.
O morador, que nada tinha a ver com o combinado, disse que não havia nenhuma criança chorando no local. Depois, observou o executivo caminhar até o carro, onde um motoqueiro o esperava. Após uma breve conversa com Magalhães, o motoqueiro atirou nele e fugiu. Na época, a polícia disse que a senha poderia ter sido uma armadilha dos bandidos para checar se a vítima estava com proteção policial.
O 5º Tribunal do Júri de São Paulo condenou Paulo dos Santos e Osmar Gonzaga Lima à pena de 20 anos de prisão em regime fechado.