Agente da PF teria voltado atrás e favorecido Protógenes
- Hermano Freitas
- Direto de São Paulo
O agente da Polícia Federal (PF) Amadeu Ranieri Bellomusto teria voltado atrás na tarde desta segunda-feira em declarações dadas anteriormente à corregedoria da corporação que incriminariam o delegado Protógenes Queiroz. Em interrogatório na Justiça Federal, o agente, que é réu junto com o delegado em processo que investiga vazamento de informações da Operação Satiagraha, teria afirmado que foi constrangido na corregedoria da PF. O processo corre em segredo de Justiça.
A Justiça Federal ouviu entre as 13h20 e as 14h35 o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, em audiência do processo que apura a responsabilidade do delegado afastado Protógenes Queiroz pelas informações dadas à imprensa na investigação que prendeu, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas e seu braço direito Humberto Braz. O agente foi ouvido em seguida e, segundo uma pessoa presente na sessão, alegou pressão para dizer inverdades.
Bellomusto teria se valido do direito de não produzir provas contra si e teria sido, então, questionado por um procurador sobre interrogatório conduzido pelo delegado-corregedor Amadeu Vieira e que confirmaria a versão de que o flagrante realizado no restaurante El Tranvia, em Brasília, foi antecipado para que um cinegrafista da Rede Globo filmasse tudo. Bellomusto teria afirmado que foi pressionado a confirmar o que diziam as investigações do corregedor.
Procurada, a Polícia Federal não se pronunciou sobre o assunto. O delegado Protógenes, que seria interrogado nesta tarde, teve a audiência remarcada para o dia 11 de junho. O depoimento de Luiz Fernando Corrêa teria convergido para a versão de Queiroz, de que não teve responsabilidade no vazamento de informações.
Operação Satiagraha
A Operação Satiagraha, deflagrada no dia 8 de julho de 2008, foi comandada por Protógenes Queiroz e reuniu quase 300 agentes da Polícia Federal. A operação prendeu, além do banqueiro Daniel Dantas, o empresário Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Durante a Satiagraha, Dantas chegou a ter sua prisão decretada por duas vezes e foi levado à carceragem da PF. Dois habeas-corpus concedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, durante o recesso do Poder Judiciário, no entanto, o colocaram em liberdade.