O primeiro dia do julgamento dos quatro policiais militares acusados de envolvimento nos assassinatos do empresário Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, ocorridos em 1996, teve o depoimento de duas testemunhas. O servente Leonino Tenório de Carvalho e o garçom Genival da Silva França, que trabalhavam para PC Farias, foram os únicos a serem ouvidos nesta segunda-feira no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió (AL).
Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva respondem por homicídio qualificado por omissão. As mortes ocorreram em uma casa de veraneio na praia de Guaxuma, na capital alagoana. PC Farias, como era conhecido o empresário, ganhou notoriedade após assumir a função de tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
O júri popular começou por volta das 14h, com uma hora de atraso. Cinco homens e duas mulheres foram sorteados como jurados. Dos quatro jurados, apenas José Geraldo da Silva não está vestido com a farda da Polícia Militar.
A primeira testemunha a depor foi Leonino Tenório de Carvalho, servente que trabalhava com PC Farias na época do crime. Ele afirmou que nunca presenciou brigas entre o empresário e sua namorada. O servente também disse que conhece os quatro réus, que faziam a segurança de PC Farias.
Leonino foi arrolado pelo Ministério Público. Ele confirmou que José Geraldo da Silva e Adeildo Costa dos Santos trabalhavam no dia em PC Farias e Suzana Marcolino foram mortos.
O servente disse que arrombou, junto com os seguranças e com o garçom Genival da Silva França, a janela do quarto onde o casal estava morto. Ele também confirmou que queimou o colchão no qual estavam os corpos, após o trabalho da perícia.
O garçom Genival da Silva França foi a segunda testemunha a depor. Ele disse que PC Farias "era como um pai" e que o empresário tinha um relacionamento "muito bom" com os seguranças. O garçom também afirmou que Augusto Farias, irmão de PC Farias, foi uma das primeiras pessoas a chegar na cena do crime e também entrou pela janela arrombada.
Augusto Farias é uma das 27 testemunhas chamadas para depor. Nesta terça-feira, o julgamento deve começar às 8h e seguir até as 20h. A previsão é que a sentença já saia na quinta-feira.
O Ministério Público acredita que os depoimentos deverão durar, pelo menos, dois dias. Na sequência, os peritos serão interrogados e, por último, sentarão no banco dos réus os acusados.
Os crimes
Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.
Entretanto, a primeira versão do caso, que foi apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Suzana teria assassinado o namorado e, na sequência, tirado a própria vida. A versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.
10 de maio O advogado José Fragoso argumenta em defesa dos réus durante o julgamento
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
10 de maio O promotor Marcos Mousinho apresenta os argumentos da acusação nos debates finais
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
10 de maio Os réus José Geraldo da Silva, Reinaldo Correia de Lima Filho, Adeildo Costa dos Santos e Josemar Faustino dos Santos acompanham o júri
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
9 de maio Adeildo Costa dos Santos foi o primeiro réu a ser interrogado. Ao juiz, o segurança confirmou que ouviu comentários de que PC Farias terminaria seu namoro com Suzana no dia do crime
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
9 de maio O médico legista Daniel Muñoz depõe no julgamento dos PMs acusados de envolvimento no crime
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
9 de maio O médico legista Daniel Muñoz fala que os vestígios de pólvora em Suzana indicam homicídio
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
9 de maio O perito criminal Domingos Tochetto usa um revólver para contestar a tese de suicídio de Suzana Marcolino
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
8 de maio Em depoimento, perito Badan Palhares disse não ter dúvidas de que PC Farias foi morto pela namorada e que ela cometeu suicídio posteriormente
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
8 de maio Legista Gerson Odilon integrou a equipe de Badan Palhares e prestou depoimento nesta quarta-feira
Foto: TJ-AL / Divulgação
8 de maio Segundo o perito José Lopes Filho, o projétil que atingiu o corpo de PC Farias foi disparado à distância, enquanto o que matou Suzana "estaria praticamente encostado na pele"
Foto: TJ-AL / Divulgação
8 de maio Perito Nivaldo Gomes foi um dos peritos que esclareceram detalhes das provas criminais aos jurados
Foto: TJ-AL / Divulgação
8 de maio O delegado Alcides Andrade depõe no julgamento dos PMs
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
8 de maio O delegado Antônio Carlos Lessa presta depoimento como testemunha arrolada pelo juiz. Ele e o delegado Alcides Andrade afirmaram que o irmão de PC Farias, Augusto Farias, ofereceu propina para não ser indiciado
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
8 de maio A irmã de Suzana Marcolino, Ana Luíza Marcolino da Silva, presta depoimento no julgamento dos quatro PMs. 'Minha irmã não merecia ser assassinada como ela foi, porque ela jamais se mataria', disse a jornalista
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
8 de maio Eônia Pereira Bezerra, ex-cunhada de PC Farias, depõe como testemunha do juízo
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
8 de maio Zélia Maria Maciel de Souza, prima de Suzana Marcolino, depõe como testemunha da defesa
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
7 de maio Juiz Maurício Brêda observa volumes do processo
Foto: TJ-AL / Divulgação
7 de maio Depoimento do empresário Augusto César Cavalcante Farias, irmão de PC Farias, foi o ponto alto do segundo dia de júri
Foto: TJ-AL / Divulgação
7 de maio - Testemunha Lourinaldo Santos de Castro presta depoimento à Justiça
Foto: TJ-AL / Divulgação
7 de maio O vigia Manoel Alfredo da Silva, que trabalhava na casa de praia onde aconteceu o crime, presta depoimento
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
7 de maio Milane Valente de Melo, que era namorada do irmão de PC Farias na época do crime, testemunha em júri
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
6 de maio Juiz Maurício Breda confere os processos no Fórum de Maceió (AL), antes do julgamento dos quatro envolvidos na morte de PC Farias e da namorada, Suzana Marcolino
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
6 de maio Processos no Fórum de Maceió (AL), antes do julgamento dos PMs
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
6 de maio Juiz Maurício Breda confere os processos no Fórum de Maceió (AL), antes do julgamento dos quatro envolvidos na morte de PC Farias e da namorada, Suzana Marcolino
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
6 de maio Familiares chegam ao fórum de Maceió
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
6 de maio Os réus José Geraldo da Silva, Reinaldo Correia de Lima Filho, Adeildo Costa dos Santos e Josemar Faustino dos Santos