Após entrar em confronto com PF e PM, índios deixam fazenda em MS
Segundo Polícia Federal, 17 indígenas foram presos na reintegração de posse que deixou um morto e outros quatro feridos
A Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul informou no início da noite desta quinta-feira que concluiu a ação de reintegração de posse na Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. Os indígenas da etnia terena que ocupavam a propriedade deixaram o local após entrar em confronto com policiais federais e PMs que davam suporte à ação, que resultou em um índio morto e outros quatro feridos. Ao todo, 17 pessoas foram presas.
Os indígenas reivindicam uma área de 17,2 mil hectares, mas a Justiça mandou que desocupassem o local em favor dos proprietários das terras, segundo a assessoria de imprensa da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul. Na região vivem nove aldeias e cerca de 4,5 mil índios, conforme a procuradoria.
Segundo o governo do Estado, a ação de reintegração de posse foi coordenada pela Polícia Federal e contou com o apoio da Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais da PM (Cigcoe), "especializada em atuar nessas condições". Em nota, o governo negou que os policiais militares tenham empregado munição letal contra os manifestantes, afirmando que as tropas foram orientadas a usar armas com balas de borracha.
De acordo com a Polícia Militar, os cinco indígenas chegaram a ser encaminhados ao Hospital Elmíria Silvério Barbosa, mas um deles, que havia sofrido uma perfuração a bala na região abdominal, não resistiu aos ferimentos. Os outros foram encaminhados para a Santa Casa de Campo Grande.
A Polícia Federal vai instaurar inquérito para apurar as responsabilidades pela morte do indígena. Segundo a assessoria da Superintendência da PF, ainda não é possível confirmar se a vítima foi atingida por uma arma de fogo, já que não foi encontrado o projétil que provocou a perfuração.
Segundo o relato de policiais federais que participaram da ação, os agentes foram recebidos de forma hostil pelos indígenas, que portavam, segundo a PF, armas de fogo e teriam, inclusive, ateado fogo na sede da fazenda. De acordo com a PF, alguns policiais ficaram com projéteis alojados nos coletes à prova de balas que usavam na operação.
Governo pede apoio da União
O governador André Puccinelli anunciou que tentou entrar em contato com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, "para solicitar ação do governo federal no sentido de aliviar a tensão e evitar novos conflitos, considerando que a questão fundiária e dos interesses dos indígenas é responsabilidade da União", mas não foi possível contatar Cardoso.
"Não sendo possível o contato, o governador falou com o general Roberto Sebastião Peternelli Junior, que está substituindo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, José Elito Carvalho Siqueira, e pediu intervenção imediata do governo federal para que a situação seja resolvida", diz o governo em nota.