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Polícia

Após fuga no Paraguai, 26 detentos escapam de prisão no Acre

Presidiários fugiram quebrando local onde fica a ventilação de um dos pavilhões do presídio Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco

20 jan 2020 - 16h34
(atualizado às 17h31)
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A Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram acionadas pelo governo do Acre para ajudar com informações sobre a fuga de 26 presos do presídio Francisco de Oliveira Conde na madrugada desta segunda-feira, 20, em Rio Branco, capital do Estado.

A informação foi confirmada durante coletiva de imprensa realizada no Gabinete Civil do Governo do Estado do Acre. O objetivo é saber se há relação com a fuga de integrantes do PCC no Paraguai. Um dos fugitivos foi recapturado, escondido em uma área de mata próximo ao complexo.

O Pavilhão L, onde ocorreu a fuga e estavam os presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Bonde dos 13, grupo regional associado à facção paulista, foi o mesmo pavilhão onde morreram cinco pessoas em uma rebelião ocorrida em 2016.

Em coletiva de imprensa, governo do Acre confirma fuga.
Em coletiva de imprensa, governo do Acre confirma fuga.
Foto: Itaan Arruda / Estadão

A fuga desta madrugada ocorreu por meio da quebra do local onde fica a ventilação do pavilhão, feito de concreto. É uma espécie de "janela de concreto". Os presos quebraram e pularam a muralha usando "teresas" (cordas improvisadas, feitas de lençóis).

O plantão no complexo penitenciário, incluindo nas três guaritas instaladas na muralha de sete metros, estava sob responsabilidade da Polícia Militar até hoje. "Foi o último plantão da PM hoje", lamenta o presidente da Associação dos Policiais Penais do Acre, Eden Alves Azevedo, que defende a permanência do efetivo de 187 policiais militares que atuam na segurança do complexo.

O governo estadual não vai recuar e vai manter o cronograma de retirada de policiais do complexo. "Eu não concordo e vai piorar muito a situação", opina a juíza Luana Campos. Ela atuou durante oito anos na Vara de Execuções Penais e manteve, durante esse período, a postura de cobrar do poder público providências para que a Lei de Execuções Penais fosse aplicada.

O último relatório elaborado pela equipe foi feito em dezembro do ano passado. O relatório aponta falhas na infraestrutura do prédio que possibilitam construção de túneis e buracos.

"Essa fuga decorre da forma como está sendo conduzida a penitenciária, sem que o preso tenha seus direitos legais garantidos e, em contrapartida, o Iapen adotou política repressora. Não há um equilíbrio entre direitos e deveres. Não há estudo, trabalho e eles (presos) falam que são torturados diariamente. A Vara de Execuções Penais, na minha gestão, sempre enfatizou o quadro de poucos agentes penitenciários e a possibilidade de rebelião. Aliado à estrutura velha dos pavilhões, que, sem reforma, podem ser facilmente cavados buracos na parede".

Atualmente, são 1.170 policiais penais que atuam no Sistema Penitenciário do Acre para garantir a vigilância de aproximadamente 8 mil presos. Mais da metade deles está no Presídio Francisco de Oliveira Conde.

Intervenção

O Governo do Acre já realizou dois pedidos de intervenção federal no Estado em função da segurança pública, mas não foi atendido. Um terceiro pedido será formalizado para que o Exército e a Polícia Rodoviária Federal atuem em áreas estratégicas da fronteira.

O Acre vive aumento no número de homicídios. Só este ano já foram 30 assassinatos, a maior parte com envolvimento de facções, incluindo uma chacina de sete pessoas na zona rural de Rio Branco neste fim de semana.

O governador do Estado, Gladson Cameli, em declaração feita ano passado na imprensa local, adiantou que o Governo do Acre iria solicitar apoio dos Estados Unidos, via DEA (Agência de Segurança Nacional) para ajudar a combater o narcotráfico na região do Acre, estado limítrofe com os dois maiores produtores de cocaína do mundo, Peru e Bolívia.

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