Beira-Mar se compara a Eike e tenta escapar de condenação
Beira-Mar por várias vezes confrontou o juiz e os promotores
O Ministério Público dispensou duas das oito testemunhas no julgamento contra o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que acontece no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (13). Beira-Mar é acusado de mandar matar quatro traficantes rivais em uma rebelião em setembro de 2002 no presídio de Bangu 1. Entre os mortos estava Ernaldo Medeiros, o Uê, traficante de facção rival à de Beira-Mar. Se condenado o traficante pode duplicar seu tempo de condenação que já ultrapassa os 120 anos de prisão.
O julgamento começou com duas horas de atraso porque uma das duas testemunhas da defesa não foi encontrada. O advogado de Beira-Mar ainda tentou adiar o julgamento, mas o juiz Fábio Uchôa não permitiu a manobra. O único depoente foi o traficante Celso Luis Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, que na ocasião do crime estava na mesma ala que Uê e os outros três mortos. “Beira-Mar não estava armado e chegou depois. Ele estava com um rádio ou telefone, não lembro. Se ele tivesse matado alguém eu não estaria aqui”, disse Celsinho.
Siga Terra Notícias no Twitter
Em seu depoimento, Fernandinho Beira-Mar voltou a negar implicação no fato. “Estava em outra ala. Só estou aqui pelo meu vulgo (sic), porque disseram que sou chefe de uma facção”, afirmou, dizendo que nem faz parte de facção nenhuma. “Só estou sendo julgado porque sou o Fernandinho Beira-Mar”, afirmou. “Dizem que sou líder, mas como era um empresário de sucesso no meu ramo de venda de drogas, tinha respeito de todos”, disse, comparando sua credibilidade no crime à do empresário Eike Batista: “Todo mundo acreditou nele e ele faliu”, disse.
Enquanto Celsinho falava, o traficante tomava nota para depois esclarecer pontos que considerava equivocados. Durante seu depoimento, Beira-Mar por várias vezes confrontou o juiz e os promotores. “É a primeira vez em 30 anos que vejo um réu fazer anotações”, disse o juiz. “O MP dispensou as testemunhas que eram agentes penitenciários. Uma pena, porque eles poderiam esclarecer que eu estava em outra ala”, disse.
O juiz deu um intervalo no julgamento por volta das 17h30. A segunda parte do julgamento vai ser do embate entre defesa e promotoria. A sentença, dada por um júri popular, deve sair por volta da meia noite.