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Polícia

Beltrame: caso Amarildo e ataques ao AfroReggae não afetam UPPs

4 ago 2013 - 14h46
(atualizado às 14h48)
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<p>Beltrame também irá averiguar o decreto que liberou policiais presos para voltar às ruas</p>
Beltrame também irá averiguar o decreto que liberou policiais presos para voltar às ruas
Foto: Divulgação

O secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse neste domingo que o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, na favela da Rocinha, e os ataques do tráfico contra duas sedes do grupo AfroReggae, no complexo do Alemão e na vila Cruzeiro, não afetam a imagem das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro.

Beltrame falou à imprensa durante visita à favela da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que foi ocupada na última sexta-feira pela Polícia Militar (PM) e ganhará uma companhia destacada, com 180 policiais. A Mangueirinha era considerada uma das mais violentas da região, conhecida como "o complexo do Alemão da Baixada".

"Eu acho que não (afeta a imagem das UPPs). Na Rocinha, a Divisão de Homicídios (DH) está trabalhando diuturnamente. Tivemos um incidente lá, sério e grave, que vamos apurar. Cinco anos atrás, você não poderia fazer um local de crime dentro da Rocinha ou do complexo do Alemão. Se a gente quer avançar, não pode esquecer que houve um ganho substancial. Há problema, mas a situação nesses lugares é infinitamente melhor do que tínhamos antes. Quantos casos tivemos nesses locais em que as pessoas foram consumidas pelo micro-ondas (fogueira feita com pilha de pneus) e os familiares não podiam nem ir a uma delegacia reclamar o corpo?", declarou Beltrame.

O secretário comentou a intimação feita pelo delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, ao soldado PM Juliano da Silva Guimarães, que deverá prestar esclarecimentos nesta semana. Ele teria afirmado que um tio, motorista de um caminhão de lixo, foi obrigado por traficantes a retirar um corpo da Rocinha e levar para um depósito no Caju, região portuária.

"Denúncias, notícias e especulações têm que ser carreadas para dentro do inquérito e analisadas. Se esta pessoa disse que fez isso, vamos ver em que situação aconteceu. A polícia vai atrás para confirmar o que está sendo dito, para fazer com que denúncias virem, ou não, uma verdade. Nós temos que ter é cautela. Quando apresentarmos um resultado, tem que ser uma coisa muito bem feita", afirmou.

Beltrame vai apurar anistia a policiais

O secretário Beltrame falou também sobre a iniciativa do comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, de anistiar punições de ações administrativas de 450 policiais, que assim poderiam limpar suas fichas e estarem aptos a promoções e à volta ao trabalho de rua. "Da maneira como foi colocado e comunicado, eu não gostei. A Polícia Militar sabe o que significa delito administrativo de menor potencial, mas a sociedade não sabe. E precisamos esclarecer isto para dizer à sociedade o que significa e quais as consequências. Eu aguardo da PM explicações para que tenhamos isso muito claro e transparente."

Beltrame disse ainda que acredita que o decreto possa ser revogado. "Nós precisamos analisar essas medidas para, criteriosamente, tomar uma medida", considerou.

O desaparecimento de Amarildo

O pedreiro Amarildo desapareceu em 14 de julho, depois de ser levado por soldados da PM à sede da UPP da Rocinha para esclarecimentos. O comandante da unidade, major Edson dos Santos, alegou que ele foi ouvido e liberado em seguida, mas Amarildo continua sumido, o que provocou uma série de protestos tanto da comunidade quanto durante manifestações de rua, no Rio e até em São Paulo, com a frase "Cadê Amarildo?" estampada em faixas e cartazes, além de amplamente divulgada nas redes sociais.

O grupo AfroReggae teve sua sede no Ccmplexo do Alemão incendiada no dia 16 de julho e um suspeito que chegou a ser preso acabou morrendo, vítima das queimaduras provocadas pelas chamas. Outra sede, localizada na vila Cruzeiro, vizinha ao complexo do Alemão e também ocupada pela polícia, foi alvejada por tiros, no último dia 1º. O AfroReggae desenvolve um trabalho social nas comunidades que poderia estar desagradando setores ligados ao tráfico de drogas.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

 
Agência Brasil Agência Brasil
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