O secretário de Segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame afirmou na noite desta quarta-feira que não descarta a possibilidade de envolvimento de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do pavão-pavãozinho, em Copacabana, na morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira. O secretário disse que já tem o nome dos dez policiais militares (PMs) que participaram de uma ação que terminou em troca de tiros na noite anterior ao encontro do corpo de Pereira, conhecido como DG, e que as armas desses policiais estão sendo retidas pelo comando.
Beltrame confirmou que DG foi morto com um tiro. “Não descarto a possibilidade que sejam policiais (os autores do disparo), mas não podemos condená-los ainda. Todas as hipóteses precisam ser investigadas. Preciso de indícios mínimos para afastá-los. Não quero tomar atitudes precipitadas”, afirma, dizendo que ainda não é possível antecipar nenhum juízo de valor. Sobre denúncia da mãe de que o dançarino tinha sinais de tortura no corpo, o secretário disse que o laudo divulgado não permite afirmar que isso aconteceu. Para ele, é necessário aguardar laudo técnico.
Segundo Beltrame, os policiais estavam na noite de segunda-feira foram chamados para conferir uma denúncia de que um traficante chamado Pit Bull, que seria um dos comandantes do tráfico, estaria em uma localidade da favela chamada quinta estação. Pit Bull já foi preso em 2008, mas recebeu um beneficio judicial e voltou à favela.
Mãe de Douglas espera que testemunhas divulguem imagens :
Pouco antes do local, os PMs foram surpreendidos com bombas caseiras e revidaram rapidamente. No dia seguinte, PMs da UPP e policiais civis encontraram o corpo. Beltrame diz que quer pressa nas investigações do caso da morte do dançarino. “Vamos acompanhar com rigor essa investigação. Quero transparência e pressa.”
Ação do tráfico
O secretario acredita que o tráfico de drogas está tentando banalizar a atuação das polícias nas comunidades, especialmente nas que já tem UPPs, pois está se sentindo enfraquecido. “Sem dúvida, há por trás dessas ações movimentos arquitetados pelo tráfico de drogas, seja no Pavão, seja no Cruzeiro, seja na favela do Jacaré”, afirmou o secretário, referindo-se a atos de violência relacionados a UPPs de outras favelas do Rio.
O secretário diz que é difícil treinar homens para trabalhar nas UPPs porque eles têm um ambiente de desordem, sem luz, onde há prédio sobre prédio. Na opinião dele, na Pavão-Pavãozinho existe uma ação de traficantes que querem retomar o tráfico.
“Existe uma ação orquestrada no Pavão do Pit Bull para reaver o tráfico de droga. Mas hoje a polícia está ali. Nós temos indivíduos que estão sendo beneficiados judicialmente e que estão voltando. Essa é uma questão que tem que ser revista.”
Os policiais envolvidos na troca de tiros serão chamados para dar depoimento. A perícia ainda não achou o projétil que teria perfurado o corpo.
Copacabana, no Rio de Janeiro, amanheceu em clima de tensão depois do protesto e tiroteio após morte de um dançarino em favela no entorno da comunidade Pavão-Pavãozinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira foi encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na terça-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família da vítima, DG, como era conhecido, já havia se desentendido com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Douglas foi encontrado morto na tarde de terça- feira e a morte dele motivou um protesto com objetos incendiados, um morto e ruas interditadas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo o advogado Rodrigo Mondego, a família de Douglas quer esclarecer vários indícios sobre o corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A declaração de óbito de Douglas aponta 'ferimento transfixante' como causa da morte
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Muito provavelmente isso é tiro. É um objeto que perfurou o tórax", disse o advogado
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A polícia, no entanto, disse que não há marcas de tiros no corpo de Douglas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O dançarino foi achado em uma parte estreita de uma creche da favela por um morador que chamou a polícia
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O advogado disse que a família estranhou o fato de o corpo ter sido achado molhado, apesar de não ter chovido na região e da área não ter saída de água
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"O rosto dele estava muito machucado, como se tivesse apanhado muito", disse o advogado Rodrigo Mondego
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Douglas foi visto vivo à 1h de terça-feira (22) e o corpo foi encontrado horas depois, às 14h. Ele morava com a mãe em Copacabana e deixou uma filha de 4 anos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, no Rio de Janeiro, protestaram na noite desta terça-feira contra a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, 25 anos, dançarino de um programa de auditório da Rede Globo
Foto: Murilo Rezende / Futura Press
Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) afirmam que foram chamados por moradores para retirar o corpo de Douglas de dentro de uma escola. ONGs que atuam na área disseram terem ouvido relatos que o dançarino teria morrido após ser espancado por policiais da UPP
Foto: Murilo Rezende / Futura Press
Objetos foram incendiados, barricadas montadas e a estação do metrô da rua Sá Ferreira foi fechada
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
A manifestação interditou vias importantes do bairro, como a avenida Nossa Senhora de Copacabana e o túnel Sá Freire Alvim
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Um homem aparentando 30 anos levou um tiro na cabeça durante os protestos e já chegou morto ao hospital
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Um menino de 12 anos também foi baleado. Segundo relato de moradores, o garoto, que tem problemas mentais, descia uma ladeira com as mãos para cima no momento em que foi atingido
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Douglas em participação no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé, no qual atuava como dançarino: "S2 REGINA & D.G S@", escreveu ele na legenda
Foto: Facebook / Reprodução
Na foto, Douglas posa com a funkeira Valesca Popozuda: "Desejo a todos inimigos vida longa!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas posa com a funkeira Anita: "Minha Esposaa rsrsrsrsr SQN !!!! ANITTA s2", escreveu ele na legenda da foto usada em seu perfil no Facebook. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas ao lado do músico Gabriel o Pensador: "Ele é o Cara!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas ao lado da cantora Cláudia Leite: "Eu & Ela Claudia Leite", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Maria de Fátima da Silva comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que "UPPs são uma farsa"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Laudo do IML mostra as causas da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Maria de Fátima foi à delegacia prestar depoimento e mostrar o laudo da perícia que contém o atestado de óbito apontando como causa de morte uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Documento de identidade do dançarino do Esquenta, Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Tenho certeza de que ele foi torturado", afirmou a mãe do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A mãe do dançarino falou que gostaria de ficar com uma memória alegre do filho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Ela diz ter a convicção de que Douglas foi torturado antes de morrer
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Maria de Fátima da Silva, mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, vela o filho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A Polícia Civil confirmou que havia uma perfuração de tiro no corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na entrada do velório, Maria de Fátima disse ao Terra que se a perícia sobre a causa da morte não for correta, ela mesma desenterrará o corpo
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse em entrevista coletiva que não descarta hipótese de policiais terem matado Douglas
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Amigos mototaxistas dão último adeus no funeral do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho
Foto: Ale Silva / Futura Press
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A apresentadora Regina Casé participa do enterro de DG, dançarino de seu programa, Esquenta
Foto: Douglas Schineidr / Jornal do Brasil
Policiais se preparam para a reconstituição da morte de DG na favela Pavão-Pavãozinho
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Para a reconstituição, equipes da polícia interditaram uma área no alto do morro, perto da creche onde o dançarino foi encontrado morto
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Policiais durante a reconstituição da morte de DG. Ao fundo, os moradores pintaram o rosto do dançarino na parede de um barraco, com inscrições "Justiça Douglas DG"
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Os peritos colocaram uma escada, apoiada no muro de trás da creche onde DG foi encontrado morto.