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Polícia

Carandiru: ex-corregedor diz que presença da Rota foi "novidade"

"Nunca tinha visto o 1º Batalhão de Choque (Rota) entrar em presídio. E até onde sei, nunca mais aconteceu também", disse Fernando Garcia

16 abr 2013 - 14h09
(atualizado às 18h18)
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Julgamento ocorre no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo
Julgamento ocorre no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo
Foto: Tércio Teixeira / Futura Press
O desembargador e ex-juiz corregedor de presídios Fernando Antonio Torres Garcia afirmou nesta terça-feira que a presença da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em uma rebelião entre presos foi uma novidade para ele durante o episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru, em 1992. Na ocasião, após uma briga de presos e a invasão do local pela Polícia Militar (PM), foram contabilizadas 111 mortes. Ele foi a segunda testemunha a depor hoje no julgamento do Carandiru que ocorre no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. 

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"Nunca tinha visto o 1º Batalhão de Choque (Rota) entrar em presídio. Para mim, foi novidade (...) E até onde sei, depois desse episódio, nunca mais aconteceu também", afirmou ele durante o julgamento de 26 PMs responsabilizados pela morte de 15 presos na Casa de Detenção de São Paulo naquela data.

Na opinião dele, a entrada da Polícia Militar no Pavilhão 9 se fazia necessária e a decisão exclusiva sobre isso - no local - caberia ao coronel Ubiratan Guimarães, comandante da tropa. Garcia diz que ambos conversaram e que Ubiratan teria dito que a ordem que ele recebeu era de entrar caso fosse necessário.

"Não sei quem deu a ordem a ele. Mas a operação não pareceu algo de improviso. Pareceu-me que a operação militar foi organizada, ou seja, uma estratégia passada pelo comando da PM que estava lá". O juiz, que elaborou uma sindicância para apurar o caso na época, disse ser inegável que houve excesso por parte dos policiais militares, mas que não há como individualizar as condutas.

"É inegável que houve excesso. Mas quem se excedeu, somente a prova pericial poderia apontar", disse ele. As armas, que foram enviadas para o Instituto de Criminalística para análise, jamais foram periciadas nestes mais de 20 anos que separam os crimes e o julgamento.

O juiz afirma que durante a sindicância, tudo foi levado em consideração - tanto do lado dos policiais, quanto dos presos. "Até depoimentos fantasiosos, que davam conta de um número maior do que as 111 mortes e a de corpos que teriam sido jogados no poço do elevador do Pavilhão 9".

Ao todo, 111 detentos do Carandiru morreram após a polícia invadir o pavilhão 9, depois de uma briga entre dois presos dar início ao tumulto. Devido ao número de réus, o júri foi dividido por etapas, de acordo com o número de mortes ocorridas em cada pavimento: pelo menos outros três julgamentos devem ocorrer no decorrer deste ano. 

Nesta etapa, 26 dos 84 policiais militares denunciados por homicídio serão julgados, acusados de participar das mortes de 15 presos no segundo pavimento. Como já se passaram mais de 20 anos da ocorrência dos fatos, ao menos cinco réus já morreram, sendo que 79 policiais militares que atuaram naquele dia sentarão no banco dos réus para responder pelos homicídios. 

Outros depoimentos

O primeiro a falar hoje foi o desembargador e ex-juiz corregedor Ivo de Almeida. Também serão ouvidos nesta terça-feira, o juiz corregedor Luiz Augusto San Juan França e, na sequência, o ex-governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho e o ex-secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos. Entre as testemunhas convocadas pela defesa dos réus está a juíza Sueli Zeraik Armani de Menezes.

O júri é formado por seis homens e uma mulher, que decidirão se absolvem ou condenam os acusados. O julgamento acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, e pode durar até a próxima semana. 

Julgamento

Passados 20 anos do episódio que terminou com 111 presos mortos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, em outubro de 1992, 26 policiais militares serão julgados pelo caso que ficou conhecido como Massacre do Carandiru.

Pelo menos 79 PMs acusados de envolvimento nas mortes aguardam julgamento. O único que recebeu a sentença foi o coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que coordenava a operação no dia do massacre, mas teve sua pena de 632 anos de prisão anulada em 2006, sete meses antes de ser assassinado.

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos. Nenhum deles a bala.

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Fonte: Terra
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