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Polícia

Carandiru: PMs contrariam advogado e se defendem no júri

Apesar de orientação para não responderem perguntas do Ministério Público, alguns deles decidiram se defender das acusações a que respondem

1 abr 2014 - 00h06
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Contrariando a orientação do advogado Celso Vendramini, a maioria dos 15 policiais militares do COE (Comando de Operações Especiais), acusados pela morte de oito presos e duas tentativas de homicídio durante o Massacre do Carandiru, em 1992, acabou fazendo a sua própria defesa ao responder as perguntas do Ministério Público (MP) e as perguntas feitas pelos próprios advogados. Vendramini havia orientado antes do início dos interrogatórios que eles só respondessem as perguntas do juiz Rodrigo Tellini e eventuais questionamentos dos jurados.

O único a seguir integralmente a orientação de Vendramini foi o ex-capitão do COE, Arivaldo Sérgio Salgado. Ao juiz, ele afirmou ter feito pelo menos cinco disparos. Todos os policiais ouvidos afirmaram que houve confronto com os presos e que houve revide. Ele afirmou que quando a tropa entrou no terceiro andar do prédio, onde atuou, cessaram as agressões à tropa.

Na sequência, os policiais começaram a responder as perguntas do MP. O advogado chegou a se queixar que o promotor Eduardo Olavo estava fazendo as perguntas diretamente aos réus, o que não era o que havia sido combinado. O juiz Rodrigo Tellini disse que as perguntas só foram feitas depois que os réus resolveram responder.

Walmir Corrêa Leite, que era tenente na época - hoje é coronel - disse que "de nada adianta sair daqui condenado ou absolvido se minha esposa não acreditar na minha inocência". A linha adotada pelos policiais é a de que eles atiraram somente em revide à agressão dos presos. Um dos réus chegou a dizer que recebeu dois tiros no colete à prova de balas que portava.

O PM Sandro Francisco de Oliveira disse em plenário que foi preso por roubo em 2004 e cumpriu quatro anos de prisão. Por conta disso acabou expulso da corporação. Hoje trabalha como cirurgião buco-maxilo.

Julgamento

A partir desta segunda-feira, 15 policiais militares (PMs) acusados de participação na morte de oito detentos - e na tentativa de outros dois homicídios - serão julgados no Fórum Criminal da Barra Funda, depois de mais de 21 anos do ocorrido. Nas três primeiras etapas do julgamento, os PMs que atuaram em três andares do prédio foram condenados a penas entre 96 e 624 anos de prisão. 

Relembre o caso

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Os policiais são acusados de disparar contra presos que estariam desarmados. A perícia constatou que vários deles receberam tiros pelas costas e na cabeça.

Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/massacre-do-carandiru/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/massacre-do-carandiru/iframe.htm">veja o infográfico</a>
Fonte: Terra
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