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Polícia

Caso Acioli: PM reafirma que confessou crime sob coação

PM condenado pela morte da juíza Patrícia Acioli disse que confessou participação no crime e acusou outros policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar do ato sob coação de policiais civis

20 mar 2014 - 22h02
(atualizado às 22h13)
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O policial militar Jefferson de Araújo Miranda, condenado pela morte da juíza Patrícia Acioli, reafirmou nesta quinta-feira que confessou participação no crime e acusou outros policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar do ato sob coação de policiais civis. Miranda disse que o delegado Felipe Renato Ettore, da Delegacia de Homicídios, e o comissário de polícia José Carlos Guimarães, o ameaçaram com transferência para outro Estado para que ele apontasse culpados pelo crime. O depoimento do PM foi dado no 3º Tribunal do Júri de Niterói, no Rio, durante julgamento do tenente-coronel da Polícia Militar Claudio Luiz Silva Oliveira, também acusado de participação no crime.

Policiais no crime: quando a polícia vira o criminoso

Miranda disse que foi Guimarães e Ettore que exigiram que ele colocasse em seu depoimento a afirmação de que ouviu o tenente-coronel Claudio Luiz Silva Oliveira dizer que a morte de Patrícia seria “uma favor” que o policial Daniel Benitez Lopes faria a ele. “Os dois falaram que isso não daria nada, mas eles exigiram que eu colocasse isso (no depoimento de delação premiada). Eu não pensei duas vezes, pensei na minha família”, disse Miranda.

Mais cedo, o delegado Ettore, que investigou a morte de Patrícia, reafirmou que ouviu de Miranda as declarações. Segundo o delegado, o PM tinha um temor muito grande de envolver o tenente-coronel Claudio naquela "trama diabólica", assim como os outros policiais do batalhão. "O Jefferson contou a um policial que fazia a escolta dele em audiências que voltou atrás porque a delação premiada não ia resolver o problema dele, pois ele respondia por muitos autos de resistência suspeitos. E que o coronel Claudio Oliveira mandou ele voltar atrás”, disse o comissário de polícia José Carlos Guimarães em depoimento no júri.

Última testemunha a depor, o major Eduardo Augusto Gonçalves Anjos, disse em depoimento que a relação entre o tenente-coronel Claudio Oliveira e o PM Daniel Benitez Lopes, ambos acusados de serem mentores do assassinato de Patrícia, era normal, sem muita proximidade.

Coronel comandava quadrilha de PMs, diz inquérito

Oliveira comandava o 7º Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo) na época do crime e responde por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante emboscada e com o objetivo de garantir impunidade de crimes) e formação de quadrilha. O julgamento começou às 9h15.

Patrícia, 47 anos, era juíza titular da 4ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, quando foi morta na porta de casa. Ela atuou em vários processos em que policiais militares eram acusados de "disfarçar" a morte de civis registrando os casos como supostos autos de resistência (em que há confronto com a polícia). A magistrada recebeu 21 tiros. Seis policiais militares já foram condenados pela morte dela, com penas que variaram de 19 anos e seis meses a 36 anos de prisão: Carlos Adílio Maciel dos Santos, Jefferson de Araújo Miranda, Jovanis Falcão, Junior Cezar de Medeiros, Sergio Costa Junior e Daniel dos Santos Benitez Lopes.

O Ministério Público fez a denúncia contra os policiais militares com base em inquérito da polícia do Rio que afirma que o tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira comandava quadrilha de PMs que se apossava de dinheiro, drogas e bens apreendidos de ladrões e traficantes  e também cobrava vantagens de traficantes.

Segundo o MP, o coronel Claudio Luiz Silva Oliveira e o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes é que teriam planejado matá-la, pois ela vinha mandando investigar PMs acusados de matar pessoas e classificar a morte delas como autos de resistência. O MP afirma Claudio Luiz Silva Oliveira tentou manter os PMs juntos na mesma carceragem para dificultar a confissão.

Fonte: Terra
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