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Polícia

Caso Bernardo: pai incentivou assassinato do filho, diz MP

Segundo o Ministério Público, Leandro Boldrini tinha "amplo domínio do fato"; além de Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganovicz, Evandro Wirganovicz também foi denunciado

15 mai 2014 - 14h39
(atualizado às 16h03)
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Promotora falou sobre a denúncia feita no caso do menino Bernardo
Promotora falou sobre a denúncia feita no caso do menino Bernardo
Foto: MPRS / Divulgação

O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou nesta quinta-feira a denúncia dos indiciados pela morte do menino Bernardo Boldrini, 11 anos, encontrado morto no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen. Em entrevista coletiva na cidade de Três Passos, a promotora Dinamárcia Maciel classificou o pai do menino, Leandro Boldrini, como o mentor intelectual do crime.

Além de Leandro, o MP denunciou a enfermeira Graciele Ugulini, madrasta, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, pela morte do menino. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também foi denunciado por participação na ocultação de cadáver, ainda que ele não conste do inquérito policial entregue pela polícia à Justiça.

Segundo o MP, Leandro, Graciele e Edelvânia responderão por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima), além da ocultação de cadáver. “Nesse contexto, nós temos a conduta que por si só é repugnante, tornando o crime, conforme diz a legislação, hediondo”, disse a promotora.

Segundo ela, a motivação do crime é considerada torpe pelo fato de o casal “odiar Bernardo” e tentar “tirá-lo do caminho” para que ele não herdasse o que teria de direito. “Leandro Boldrini e Graciele Ugulini não queriam partilhar com Bernardo Boldrini os bens deixados pela mãe da criança e, tampouco, correr o risco de que ele, sob a guarda de terceiros ou mais velho, viesse a dispor, de algum modo, sobre tais bens".

A segunda qualificadora, de acordo com a promotora, foi o emprego de veneno na morte da criança. “Todos sabem que a aplicação do medicamento na dose errada o transforma em um veneno“, disse a promotora. Foi destacado também a dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima. “A dissimulação não possibilitou a defesa da vítima. As artimanhas e pretextos utilizados então para que Graciele ministrasse midazolam em Bernardo – primeiro como comprimidinho para não enjoar na viagem, depois antes dele passar na bezendeira, dizendo que ele deveria levar uma picadinha – comprovam essa qualificadora”, disse Dinamárcia.

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O papel do pai

Em sua denúncia, o Ministério Público reforça e detalha o que considera ser o papel de Leandro Boldrini no assassinato do próprio filho. O pai, que já havia sido apontado pela polícia como um dos mentores do crime, agora é apresentado como um ator "com amplo domínio do fato, interessado no desfecho da ação".

"Com amplo domínio do fato, interessado no desfecho da ação, (Leandro) concorreu para a prática do crime contra seu próprio filho (...) como mentor e incentivador da atuação (de Graciele) em todas as etapas da empreitada delituosa". Nesse sentido, o MP responsabiliza o pai de Bernardo como atuante tanto na arregimentação de colaboradores do crime quanto na execução do homicídio e na dissimulação pós-assassinato.

O inquérito policial, entregue à Justiça nessa terça-feira, indicia Leandro pelo assassinato do próprio filho. O indiciamento foi o resultado de uma série de indícios colhidos pelos investigadores que, na visão deles, formam a prova da participação de Leandro no crime. Estes indícios - acusados de fragilidade pela defesa do acusado - são conversas telefônicas, posturas e condutas consideradas contraditórias, e principalmente um receituário médico, assinado por Leandro, para a compra de midazolam.

Em sua avaliação, a promotora classificou Leandro como uma pessoa “de maior inteligência” e “com poder para executar o plano”. “Leandro é uma pessoa com grande capacidade de controle e inteligência. Ele usou isso para estimular a esposa a aflorar o ódio que ela já sentia por Bernardo”, disse Dinamárcia.

Ocultação de cadáver

Em seu pronunciamento, o Ministério público destacou que, logo após o homicídio, Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganovicz despiram o cadáver da vítima, inseriram em um saco, aplicaram soda cáustica sobre o corpo e o cobriram com pedras e terra. “Leandro Boldrini concorreu para a prática do crime ao idealizar sua execução e custear todas as despesas dele decorrentes, inclusive a paga ou recompensa propostas por Graciele Ugulini à Edelvânia Wirganovicz”, narra  a promotora na ação penal .

Edelvânia foi considerada a responsável por localizar o local para ocultação do cadáver, pela compra das ferramentas utilizadas para escavar e cobrir a cova e por adquirir a soda cáustica para deposição sobre o corpo. Evandro, que ainda é investigado pela polícia, foi denunciado pois “concorreu para a prática do crime ao fazer a cova vertical destinada à deposição do corpo da vítima, além de limpar o entorno do local, tudo dois dias antes, para facilitar a ação criminosa dos demais acusados”. 

Por fim, a denúncia do Ministério Público destaca o crime de falsidade ideológica, cometido por Leandro Boldrini, no dia 6 de abril. Segundo o MP, nessa data, ele fez uma declaração falsa na sede da Delegacia de Polícia de Três Passos. O documento do MP avaliou que ele pretendia constituir álibi de modo a ocultar sua participação no homicídio do filho.

O caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos, depois de – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo.

O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime.

Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto, possivelmente com uma injeção letal.

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Fonte: Terra
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