Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia Wirganovicz e quarto suspeito preso temporariamente por suposto envolvimento no caso da morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, irá prestar depoimento somente mediante a presença de um detector de mentiras. A estratégia, anunciada e defendida pelo advogado dos dois irmãos, Demetryus Eugenio Grapiglia, está ancorada na convicção de que o homem, detido no último fim de semana em Frederico Westphalen (RS), nenhuma ligação tem com o assassinato da criança.
"'Eu gostaria muito de falar, mas só falarei mediante detector de mentira'", afirmou Grapiglia citando seu cliente em entrevista a jornalistas no início da noite desta segunda-feira em sua casa em Frederico Westphalen. "Estamos pedindo a prova técnica (com base na nossa certeza de sua inocência)", afirmou o defensor ao explicar que a decisão tem por objetivo garantir que Evandro tenha as mesmas condições de depoimento em juízo que os outros presos tiveram.
Evandro foi preso no último sábado, 10 de maio, por suspeita de envolvimento no desaparecimento e morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, encontrado morto e enterrado em uma mata nas proximidades do Rio Mico, periferia de Frederico Westphalen, no dia 14 de abril. A prisão temporária de Evandro foi aceita com base em informações passadas por um ex-policial militar que afirmou tê-lo visto nas proximidades da cena do crime e pelo entendimento de que um homem teria sido necessário para cavar o buraco onde o corpo de Bernardo foi depositado.
"Ele não sabe de absolutamente nada, não sabe nem onde é o buraco, não tem envolvimento algum", afirmou o advogado, que lembrou que Evandro - que afirmou estar "preso em conjecturas" - tem parentes que moram nos entornos do Rio Mico e que sua presença na região seria algo natural. Ele também afirmou que Evandro, que chegou a ser ouvido pela polícia na condição de testemunha duas semanas antes de ser preso no último fim de semana, em nenhum momento esboçou qualquer tentativa de fuga. "Quando foi preso, estava, num sábado à tarde, em um posto", disse o advogado, se referindo ao fato de que seu cliente não estava se escondendo das autoridades."
Parte da defesa de Evandro se baseia em uma carta que Edelvania escreveu da prisão ao tomar conhecimeno da prisão do irmão. Ela teria chorado e redigido a carta, com a própria mão, para pedir a libertação do irmão. A carta ainda não foi entregue à polícia. Além de Evandro, sua irmã, Edelvania Wirganovicz; a madrasta de Bernardo, Graciele Ugolini; e o pai do menino, Leandro Boldrini, estão presos temporariamente por suspeita de envolvimento no caso.
O inquérito policial será entregue nesta terça-feira em Três Passos, onde morava o menino e por cuja polícia o caso está sendo investigado. Ainda não se sabe se Evandro constará do inquérito ou se sua prisão temporária será mantida pelo prazo restante para então, eventualmente, ser incorporado ao processo. A partir da entrega do inquérito, o Ministério Público tem um prazo formal de cinco dias para oferecer denúncia à Justiça.
Evandro está preso temporariamente em Três Passos, de onde os outros três suspeitos foram transferidos no final do mês passado. Hoje, o advogado dos irmãos Wirganovicz afirmou que a transferência de Edelvania, Graciele e Leandro ocorreu depois que a inteligência da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) identificou o que seria a ordem de uma facção criminosa de executar o trio. O advogado não informou qual é a facção criminosa que teria ordenado os assassinatos.
Corpo do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, que estava desaparecido desde o dia 4 de abril, foi encontrado na noite de segunda-feira em Frederico Westphalen (RS)
Foto: Facebook / Reprodução
Na mesma noite em que corpo foi encontrado, o pai e a madrasta do menino foram presos por suspeita de envolvimento na morte
Foto: Facebook / Reprodução
Assistente social Edelvânia Wirganovicz está presa e confessou ter participado do assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos
Foto: Facebook / Reprodução
Bernardo morava com o pai, a madrasta e a meia-irmã de 1 ano em Três Passos (RS)
Foto: Facebook / Reprodução
A avó materna, que acusa pai e madrasta, com o menino Bernardo
Foto: Facebook / Reprodução
Certidão de óbito de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, diz que ele morreu no dia em que desapareceu, 4 de abril
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Depois do velório em Três Passos (RS), cidade onde Bernardo morava com o pai e a madrasta, o corpo do menino seguiu para Santa Maria (RS), onde familiares e amigos se despedem na capela 3 do Hospital de Caridade
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Brinquedos, fotografias, cartazes e flores foram colocados no entorno do caixão de Bernardo
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Amigos fizeram uma faixa em homenagem ao menino: "nosso anjo"
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Velório de Bernardo foi marcado por muita emoção em Santa Maria (RS)
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Avó materna Jussara Uglione (C), 73 anos, chega para o velório de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, na capela 3 do Hospital de Caridade de Santa Maria (RS)
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Corpo do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, foi enterrado na manhã desta quarta-feira no Cemitério Municipal de Santa Maria (RS) junto ao túmulo da mãe, morta em 2010
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Avó materna de Bernardo, Jussara Marlene Uglione, 73 anos, acompanhou o enterro do neto
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Dezenas de pessoas acompanharam o enterro do menino Bernardo Uglione Boldrini
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Bernardo foi enterrado junto ao túmulo da mãe, morta em 2010
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Amigos e familiares acompanharam o enterro do menino Bernardo Uglione Boldrini na manhã desta quarta-feira
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Avó materna Jussara Uglione (C), 73 anos, deixa o Cemitério Municipal de Santa Maria (RS) após o enterro do neto Bernardo
Foto: Jader Benvegnú / Futura Press
Comunidade de Três Passos (RS) fez nesta terça-feira uma nova passeata pedindo Justiça no caso da morte do menino Bernardo Uglione Boldrini
Foto: Felipe Franke / Terra
Alzira Pretto (direita) era vizinha de Bernardo e defendeu a permanência dos suspeitos na cadeia: "se a Justiça soltar, a gente vai fazer justiça com as próprias mãos", ameaçou
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Passeata reuniu pais, vizinhos, conhecidos e colegas do menino Bernardo
Foto: Felipe Franke / Terra
Caminhada começou na praça Remeu Geraldino Mertz, passou pelo Fórum e terminou em frente à casa onde o menino morava
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Uma das testemunhas disse que é muito difícil cavar onde o corpo foi encontrado
Foto: Felipe Franke / Terra
É uma terra dura, com muitas raízes de árvore. É muito difícil de cavar, disse um policial militar aposentado que denunciou à Polícia Civil a presença do carro do irmão da assistente social Edelvânia Wirganovicz próximo ao local
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Dois dias depois do crime, o militar encontrou Edelvânia no local. Questionada, sobre o que fazia ali, ela disse que parou para molhar os pés em um rio próximo junto com uma sobrinha que estava com ela
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Menino Bernardo foi enterrado em uma cova no interior de Frederico Westphalen
Foto: Felipe Franke / Terra
Local recebeu flores e uma cruz foi colocada
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Cova onde o corpo do menino Bernardo foi enterrado tem cerca de um metro de profundidade
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Militar disse que duvida que uma mulher, mesmo com equipamento adequado, tivesse força muscular suficiente para cavar um buraco no local
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Homenagens foram colocadas no local onde corpo de Bernardo foi enterrado
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Em coletiva, delegada explica indiciamento do pai e da madrasta de Bernardo
Foto: Felipe Franke / Terra
Inquérito da Polícia Civil indiciou pai, madrasta e amiga pela morte de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos,
Foto: Polícia Civil / Divulgação
Através da grade e dos cartazes, amigas olham a casa onde Bernardo vivia
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
Passeata pediu justiça à véspera de um mês da descoberta do corpo do menino, encontrado no dia 14 de abril
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
Imagem da Polícia Civil durante apresentação das conclusões e deliberações do inquérito