Caso Bruno: MP denuncia mais dois por morte de Eliza Samudio
Justiça deve responder amanhã se aceita denúncia contra dois policiais suspeitos de envolvimento na morte da amante do ex-goleiro Bruno
O Ministério Público de Contagem (MG) denunciou mais duas pessoas por envolvimento no assassinato de Eliza Samudio. Preso há exatos cinco anos pelo sequestro e morte da jovem, o ex-goleiro Bruno deverá ter conhecimento, nas próximas horas, da decisão da Justiça sobre a denúncia contra os policiais civis José Lauriano de Assis, conhecido como Zezé, e Gilson Costa. Segundo o MP, a decisão de acatar ou não a denúncia será tomada até amanhã pelo juiz do Tribunal do Júri de Contagem.
No último dia 3, o promotor Daniel Saliba de Freitas denunciou os dois últimos personagens da trama que começou no dia 4 de junho de 2010 - quando Eliza e o filho foram sequestrados em um hotel no Rio de Janeiro - e terminou com a morte da ex-amante seis dias depois, em Vespasiano, cidade da Grande BH onde morava o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.
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Zezé e Gilson passaram a ser investigados pela Polícia Civil, a pedido do MP, após as condenações de Bruno, Bola e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ex-braço direito do goleiro. Para o promotor, Zezé teria participado do sequestro de Eliza e do filho no Rio de Janeiro e ajudado Bola a matar e a ocultar o cadáver da modelo.
Daniel Saliba de Freitas denunciou o policial civil aposentado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver de Eliza, sequestro e cárcere privado de mãe e filho e também corrupção de menores, já que um dos envolvidos tinha 17 anos em 2010. Jorge Luiz Rosa Lisboa é primo de Bruno e foi quem primeiro revelou como os crimes aconteceram, segundo a Justiça, a mando do ex-atleta. Para o promotor de Justiça não há dúvidas da participação de Zezé em todas as etapas do caso.
O segundo denunciado, o policial Gilson Costa, teria sido contatado por Zezé para ameaçar o detento Jaílson Alves de Oliveira dentro de uma delegacia, após ele ter denunciado Marcos Aparecido dos Santos, com quem dividiu uma cela no presídio de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de BH.
Em depoimentos à Polícia Civil e à Justiça, Oliveira afirmou que ouviu de Bola uma confissão de que ele teria matado Eliza e sumido com o corpo. Na época, Bola teria dito a Oliveira que os restos mortais da moça só seriam encontrados “se os peixes falassem.” De acordo com as investigações, Zezé temia que Oliveira o denunciasse também e por isso solicitou a ajuda de Gilson Costa, denunciado no último dia 3 pelo crime de ameaça à testemunha.
Goleiro Bruno
Bruno cumpre pena de 22 anos e 3 meses na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. O complexo penitenciário, ironicamente, fica a cerca de 5 km do sitio luxuoso onde Eliza e o filho ficaram em cárcere entre os dias 4 e 10 de junho de 2010. Ele e Macarrão, que também cumpre pena no mesmo presídio, se entregaram à polícia no Rio de Janeiro em 7 de julho de 2010 e de lá para cá a dupla teve mais de 100 habeas corpus negados pelas três instâncias judiciais.
A reportagem tentou, sem sucesso, contato com os novos advogados do goleiro, Irmar Ferreira Campos, ex-desembargador do TJ de Minas Gerais, e seus sócios. Um dos mais de dez advogados que passaram pela defesa de Bruno nestes cinco anos de processo fez considerações a respeito da denúncia contra os dois policiais civis que “escaparam” da primeira leva de condenações.
“O Gilson não tem nada contra ele, só essa ameaça. Agora, se a Justiça aceitar (o pedido do MP) e decretar a prisão do Zezé, acho que o último mistério será revelado. Se tem uma pessoa que sabe onde estão os restos mortais da Eliza, além do Bola, esta pessoa é ele,” afirmou o defensor, pedindo para não ter o nome divulgado já que ele não atua mais na defesa do ex-goleiro.