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Caso Bruno

Bruno é condenado por morte de Eliza no Dia Internacional da Mulher

Dayanne do Carmo, ex-mulher do goleiro, foi absolvida

8 mar 2013 - 06h39
(atualizado em 5/12/2013 às 17h03)
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<p>Goleiro Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão</p>
Goleiro Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão
Foto: Marcelo Albert / TJMG / Divulgação

Foi na madrugada de 8 de março, Dia Internacional da Mulher, que sete jurados condenaram o ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, a 22 anos e três meses de cadeia pela morte de sua ex-amante Eliza Samudio. Foram quatro dias intensos de julgamento. O ex-jogador já havia sentando no banco dos réus em novembro, no entanto, após estratégia da defesa, o caso foi desmembrado e somente Macarrão e Fernanda foram julgados. Desta vez, Bruno não escapou.

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Nos primeiros dias, os trabalhos ficaram por conta das provas e testemunhas. No segundo, a ré Dayanne do Carmo, ex-mulher de Bruno, contou a sua versão no plenário. O ápice do julgamento, entretanto, aconteceu no terceiro dia, com o depoimento do goleiro.

Por aproximadamente seis horas Bruno chorou bastante e contou sua versão da história. Embora não tenha feito uma clara confissão, o ex-atleta do Flamengo admitiu que “aceitou” que Eliza fosse morta. No depoimento, ele contou como tudo supostamente aconteceu. Como se conheceram, como foram os dias da gravidez, e ainda, como foi o dia do crime. 

“Ela falou que viajaria para São Paulo, resolver problemas. Ela se despediu e foi embora. O Macarrão a levou para um ponto de táxi. Horas depois eles voltaram, Luiz Henrique, Jorge e a criança. Eu questionei o que estava acontecendo e o menor me contou. Ele afirmou como tudo aconteceu, que Eliza foi levada para a casa de um homem, ele perguntou se ela usava drogas e depois deu uma gravata nela, e depois foi esquartejada. Eu chorei muito com isso”, disse em prantos. Interrogado pela juíza por quanto tempo ficou “desesperado”, o ex-arqueiro afirmou que foi aproximadamente por 1h30.

O depoimento de Bruno, no entanto, não surtiu efeito. A imprensa questionou e o promotor Henry Vasconcelos confirmou que o réu não fez nenhuma confissão. 

Novo depoimento

Em uma tentativa desesperada de reverter à situação, Bruno foi novamente interrogado nesta quinta-feira pela manhã. O atleta, porém, respondeu a apenas um questionamento, feito por seu advogado. “Excelência, eu sabia e imaginava que Eliza morreria”, finalizou.

Logo após os debates começaram. Mostrando total conhecimento do processo, das mais de 15 mil páginas, o promotor Henry Vasconcelos utilizou de seu tempo para mostrar aos jurados que o réu era culpado por todos os crimes que respondia: homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado da Eliza e do Bruninho.

O promotor, inclusive, pediu a condenação de Bruno e a absolvição de Dayanne. Algo que foi criticado pelo advogado do ex-goleiro. A defesa, por outro lado, buscou desqualificar as investigações. O advogado Lúcio Adolfo passou todo o seu tempo tentando mostrar falhas no inquérito e também as afirmativas da promotoria de Justiça. 

Sentença

Encerrados os debates, a juíza retornou ao plenário após quase duas horas e meia e leu a sentença de condenação. Bruno ouviu sua sentença de cabeça erguida, encarando a juíza. Depois de ouvir o resultado, deixou o plenário de cabeça baixa. Dayanne foi absolvida. 

Bruno foi condenado em todos os crimes e acumulou uma condenação a de 17 anos e seis meses em regime fechado. Ele poderá pedir relaxamento da pena após cumprir 2/5 desse total, que equivalem a sete anos. Até o julgamento, o ex-goleiro já permaneceu em cárcere por dois anos e oito meses - ou seja, ele pode cumprir a pena em liberdade a partir de 2017.

Antes do goleiro ser retirado para a Penitenciária Nelson Hungria, onde está preso, o defensor Lúcio Adolfo prometeu recorrer da decisão. A promotoria também fará o mesmo procedimento, mas em busca de uma pena maior.

A expectativa agora fica para o julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que teve seu caso desmembrado e sentará no banco dos réus em abril.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013. 

Fonte: Terra
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