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Caso Bruno

Defesa de Bola pressiona delegada por não indiciamento de policiais

Policiais civis José Lauriano, o Zezé, e Gilson Costa foram citados por envolvidos na morte de Eliza Samudio

22 abr 2013 - 21h15
(atualizado às 22h59)
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Julgamento de Bola começou por volta das 9h30 desta segunda-feira no Fórum de Contagem
Julgamento de Bola começou por volta das 9h30 desta segunda-feira no Fórum de Contagem
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação

No primeiro dia do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, os advogados de defesa questionaram, durante depoimento, a delegada Ana Maria Santos sobre a ausência do indiciamento dos policiais civis José Lauriano, o Zezé, e Gilson Costa no inquérito sobre a morte de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes.  Bola é julgado no Fórum de Contagem, na Grande Belo Horizonte, acusado de ser o executor do crime.

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A delegada, única testemunha a prestar depoimento na tarde desta segunda-feira, afirmou que não houve elementos na ocasião para indiciá-los e que o nome de José Lauriano surgiu somente no final das investigações.

De acordo com o advogado Ércio Quaresma, os relatórios de quebra de sigilo telefônico na época apontam 50 ligações feitas entre Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Zezé no período em que Eliza estaria sequestrada. Contudo, segundo ele, "não houve investigações contra o policial".

Segundo a testemunha, Zezé não foi indiciado porque não havia fundamentação. "As investigações foram feitas num critério de contextualização da prova colhida de forma com que fossem casadas as provas objetivas com os depoimentos e declarações. E que não há eleição de um alvo. Esse tipo de dado é levado para outros órgãos para que algum especialista faça a análise. Parte dessa investigação foi feita. Nada consta que, posteriormente o fim das investigações, fatos novos não possam levar a outro procedimento", disse. A delegada, porém, não soube informar quem foi o responsável pela análise das interceptações telefônicas.

Antes, ao ser questionada pelo promotor Henry Vagner Vasconcelos, a delegada relembrou o depoimento do primo de Bruno, Jorge Luiz - que, na época, tinha menos de 18 anos -, no qual descreveu o local e o possível executor do crime. Segundo ela, ele indicou Bola como sendo branco, na faixa de 50 anos, tendo uma falha na arcada dentária.

Ela garantiu também que não houve qualquer coerção com relação ao adolescente na época. "Sempre fui e sempre serei profissional. Não há na minha ficha qualquer desvio de conduta. O menor não foi pressionado. Todas as condutas foram tomadas, inclusive a autorização judicial", relatou.

Durante o depoimento de Ana Maria, os advogados de defesa colocaram em uma bancada na frente do júri objetos pessoais de Eliza, como sapatos, óculos, notebook, agendas e sabonetes infantis, além de facas, machadinhas, bilhetes, cheques em nome de Luiz Henrique Romão, cartões de credito de Macarrão e cartões de motel que, segundo a defesa, seriam provas do envolvimento de Bruno no crime.

Segundo o advogado de defesa Fernando Magalhães, Bola está sendo vítima de uma vingança de Edson Moreira, com quem tem, de acordo com ele, uma rixa desde quando os dois trabalhavam na Polícia Civil em São Paulo. "Os amigos estão sendo poupados (Zezé e Gilson), e o inimigo está indiciado. A investigação foi mal feita, manipulou-se documentos. Marcos Aparecido foi escolhido", disse Magalhães. Ainda de acordo com o advogado, os objetos expostos pela defesa são provas que indicam envolvimento dos outros réus na execução de Eliza e não têm nenhuma referência a Marcos Aparecido.

O primeiro dia do julgamento de Bola terminou por volta das 22h30 desta segunda-feira, e será retomado às 9h desta terça-feira.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.

Fonte: Especial para Terra
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