O ex-goleiro Bruno Fernandes, que cumpre pena de 22 anos e 3 meses de prisão pela morte de Eliza Samudio, obteve uma permissão para voltar a trabalhar e para começar a estudar na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. O atleta estava sob suspensão de 30 dias após alguns episódios de "indisciplina", incluindo um desentendimento com outros detentos na lavanderia, local onde ele trabalhava antes.
Bruno passará a fabricar vassouras artesanais em uma fábrica que fica dentro da penitenciária. As vassouras são feitas a partir de garrafas PET e não são comercializadas, são utilizadas apenas dentro da prisão.
O ex-goleiro não será remunerado, mas o trabalho tem efeito de redução de pena - a cada três dias de serviço, será subtraído um dia da pena de Bruno. Ele vai cumprir horário na fábrica das 8h30 às 15h30.
Bruno também vai retomar na penitenciária os estudos que ele largou quando era mais jovem. Segundo a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, o ex-goleiro vai retomar as aulas a partir do segundo ano do ensino médio.
Antes de ter sido suspenso por 30 dias, Bruno não estudava - apenas trabalhava na lavanderia da prisão. Durante o período de punição pela indisciplina, o ex-goleiro foi proibido de tomar banho de sol, de receber visitas, de trabalhar e de estudar.
Bruno passa mal e desmaia em cela
Na quinta-feira, Bruno passou mal e desmaiou em sua cela após ingerir remédios não receitados. Ele caiu um tombo e machucou a cabeça, e precisou ser atendido na enfermaria da prisão. Lá, foi constatado que ele tomou os remédios Clonazepam e Diazepam. Um procedimento foi instaurado para apurar como os medicamentos chegaram até o detento.
O caso Bruno
Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado.
No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.
4 de março - Júri do goleiro Bruno atraiu a atenção da mídia e de manifestantes como o empresário André Luiz, famoso por acompanhar grandes julgamentos no País
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
4 de março - Mulher pinta o corpo de vermelho durante protesto pela morte de Eliza, em frente ao Fórum de Contagem (MG)
Foto: Cirilo Junior / Terra
4 de março - Como respondia ao processo em liberdade, Dayanne Rodrigues, ex-mulher de Bruno, chegou ao Fórum de Contagem pela porta da frente, provocando tumulto no primeiro dia do julgamento
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
4 de março - O primeiro dia do julgamento teve a definição dos jurados - cinco mulheres e dois homens
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
4 de março - Durante boa parte do primeiro dia do julgamento, Bruno segurou uam bíblia em suas mãos. Em determinado momento, o goleiro chorou e recebeu das mãos de um dos advogados um lenço para enxugar as lágrimas
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
4 de março - Satisfeito com o primeiro dia do julgamento, o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, excluiu qualquer possibilidade de acordo entre defesa e acusação. "Eu sou contra. O José Arteiro (advogado da família de Eliza e assistente da acusação) veio tentar um acordo, mas eu disse não"
Foto: Marcelo Albert/TJ-MG / Divulgação
5 de março - O vereador Edson Moreira (PTN), delegado que chefiou as investigações sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, chega ao Fórum de Contagem para o segundo dia do julgamento de Bruno. Segundo Moreira, Bruno tinha medo de entregar o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, "porque o Bola vai ter que contar onde está o corpo e aí acabou"
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
5 de março - Bruno e Dayanne demonstram cansaço no segundo dia de julgamento
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
5 de março - Bruno recebe o abraço da prima, Célia Aparecida, após o depoimento dela em defesa dos réus
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
5 de março - A ré Dayanne Rodrigues é interrogada no segundo dia do julgamento pelo promotor Henry Wagner
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
5 de março - Ao ser interrogada, Dayanne contou que encontrou Eliza no sítio de Bruno e conversou com a modelo. Ela negou os crimes pelos quais era acusada - sequestro e cárcere privado de Bruno Samudio, filho de Eliza e Bruno e disse que o atleta pediu para ela e as filhas saírem da propriedade para a proteção da família
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
6 de março - A mãe de Eliza Samudio, Sônia de Fátima Moura, chega ao Fórum de Contagem para o terceiro dia do julgamento. "Tenho esperança de que ele fale, sim, que ele diga toda a verdade", falou na entrada, a respeito do aguardado depoimento de Bruno
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
6 de março - Bruno chora durante interrogatório. "Excelência, como mandante dos fatos, não é verdade. Mas, de certa forma, eu me sinto culpado", afirmou Bruno, no início de seu depoimento. "Eu não sabia que ela seria executada. Eu não mandei, mas aceitei", disse
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
6 de março - Bruno dá detalhes da noite em que Eliza foi morta: "Acho que ela iria de avião, mas não deixou claro. Por volta de umas 23h, retornaram Luiz Henrique, Jorge e o Bruninho. Nesta hora eu estava na cozinha, onde fazíamos festa. Eles desceram do carro e o Jorge estava muito assustado. O Macarrão também estava, mas estava mais tranquilo. Perguntei por que a criança estava com eles, chorando. Eu perguntei onde a Eliza estava. 'Pelo amor de Deus, o que vocês fizeram com ela?'. O Macarrão disse: 'eu resolvi o problema que tanto te atormentava'"
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
6 de março - No interrogatório, Bruno afirmou que a morte de Eliza foi planejada por Macarrão, mas que se sentia culpado por não ter impedido. "O Macarrão afirmou que o tormento tinha acabado, que resolveu tudo. O Macarrão disse que ela estava atrapalhando demais, excelência. Naquele momento eu senti medo. Eu perguntei ao Macarrão 'pra que isso?'"
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
6 de março - "O Jorge me contou que eles encontraram com um homem (Bola) próximo ao Mineirão. Depois, eles foram para Vespasiano, e lá um homem perguntou se a Eliza usava drogas. Ele deu uma gravata nela. Depois, esquartejou e jogou pedaços para os cachorros". Foi a primeira vez que Bruno citou Bola no processo
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6 de março - Advogado Ércio Quaresma, que defende Bola, foi autorizado a fazer questionamentos a Bruno. Porém, como o jogador se negou a respondê-los e foi autorizado a deixar o plenário, Quaresma fez perguntas diante de uma cadeira vazia
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7 de março - No quarto dia do julgamento, Dayanne Rodrigues presta novo depoimento
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação
7 de março - Bruno também presta novo depoimento. "Vi a repercussão na imprensa considerando que ele não tinha confessado. Falei com ele, que a juíza precisava de elementos completos. Perguntei se ele tinha ciência da morte iminente da Eliza, e ele me respondeu que sim. Orientei para que ele prestasse mais esclarecimentos", afirmou o advogado Lúcio Adolfo
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7 de março - Nas considerações finais, promotor Henry Wagner pede a condenação pela pena máxima de Bruno e a absolvição de Dayanne. Segundo o promotor, Dayanne foi constrangida por Bruno e obrigada a cuidar do filho de Eliza
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7 de março - Apresentando extratos de ligações telefônicas de Bruno, promotor expôs a movimentação de Bola e Macarrão na noite do crime
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7 de março - Pouco antes de conhecer seu destino, Bruno demonstrou bastante nervosismo no Fórum de Contagem
Foto: Marcelo Albert/TJ-MG / Divulgação
8 de março - A juíza Marixa Fabiane Rodrigues lê a sentença de Bruno: 22 anos e três meses de prisão. Dezessete anos e seis meses devem ser cumpridos em regime fechado. Porém, ele poderá pedir o relaxamento da pena após cumprir 2/5 desse total, que equivalem a sete anos - como o ex-goleiro já permaneceu em cárcere por dois anos e oito meses, ele pode ficar preso até 2017. Dayanne é absolvida