'Impossível Eliza ter sido enterrada no local', diz vizinho
O marceneiro Luciano Pereira, que mora há 20 anos próximo ao terreno em Vespasiano (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, onde o primo do goleiro Bruno Fernandes diz que Eliza Samudio foi enterrada, garante que nunca viu qualquer sinal de escavação de cova no local, e não teria como ser enterrado um corpo ali sem que ele visse movimentação. "De jeito nenhum, a gente teria visto. Uma máquina dessas trabalhando, quem não vê?", questionou nesta sexta-feira.
Jorge Lisboa Rosa Sales, disse em depoimento que viu a ex-amante do atleta ser enterrada no terreno na rua Aranha, bairro Santa Clara, após ter sido morta pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Macarrão. Ontem, ele levou os policiais até a área, após duas horas tentando localizar um lote vago, na região metropolitana de Belo Horizonte, mais perto do sítio de Bola que do aeroporto de Confins, referência inicial para o local. Os trabalhos de busca do corpo tiveram início hoje.
Quando descreveu o local, Sales informou ao delegado Wagner Pinto que a área tinha um coqueiro e vegetação alta. "Ele deu 100% de certeza de ser ali", afirmou o delegado. Porém, o vizinho da área diz que o coqueiro indicado como ponto de referência pelo rapaz era pequeno há quatro anos, quando a vítima foi morta. "É brincadeira, gozação", disse Pereira, para quem o trabalho de busca está sendo em vão.
O caso Bruno
Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado.
No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, foi condenado a 22 anos em abril de 2013.