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Caso Bruno

Julgamento deve ser retomado com depoimentos de testemunhas

Réus pela morte de Eliza, Bruno e Dayanne podem ser ouvidos ainda hoje

5 mar 2013 - 08h14
(atualizado às 08h17)
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<p> Bruno e sua ex-mulher Dayanne do Carmo podem ser ouvidos ainda hoje no julgamento</p>
Bruno e sua ex-mulher Dayanne do Carmo podem ser ouvidos ainda hoje no julgamento
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação

Outras três testemunhas devem ser ouvidas no segundo dia do julgamento do caso Eliza Samudio, previsto para iniciar às 9h desta terça-feira. A expectativa é que na parte da tarde sejam interrogados o goleiro Bruno e sua ex-mulher Dayanne do Carmo, réus do processo. O júri popular começou ontem no Fórum de Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte. 

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Como funciona o Tribunal do Júri

Pela acusação, deve ser ouvido Jailson de Oliveira, detento que denunciou um suposto plano para matar a juíza Marixa Fabiane e outras seis pessoas. Ele teria ouvido do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, o plano armado por Bruno e que seria executado pelo traficante Nem da Rocinha, do Rio de Janeiro.

Enquanto estavam juntos na penitenciária, Oliveira teria escutado ainda uma confissão de Bola, dizendo que teria matado Eliza e que "nunca iriam encontrar os restos mortais, a não ser que os peixes falassem". O detento também denunciou a suposta participação do policial aposentado José Lauriano de Assis, o Zezé, recentemente incluído no rol de suspeitos. Zezé chegou a ser investigado em 2010, mas não foi indiciado. 

Para prestar o depoimento, Oliveira será transportado por um esquema de segurança da penintenciária da região metropolitana onde está preso até o Fórum de Contagem. 

Também arrolado pela acusação, o júri ouvirá João Batista Guimarães, policial que acompanhou o depoimento do ex-motorista de Bruno, Cleiton da Silva Gonçalves, o Cleitão, durante a investigação. A terceira testemunha prevista é Célia Aparecida da Silva, prima do Bruno, arrolada pela defesa da Dayanne. Ela é irmã de Sérgio Rosa Sales, morto no ano passado. 

Carta precatória

Renata Garcia, assistente jurídica do centro de internação de menores onde, na época, o primo do goleiro, Jorge Luiz Rosa, deu depoimento, será ouvida por carta precatória. Ela acompanhou o depoimento de Jorge dada a delegada Ana Maria dos Santos, que depôs ontem no julgamento. Renata foi arrolada pela acusação para confirmar as informações passadas por Jorge, já que ele foi intimidado e não compareceu.

Ao todo, das 15 testemunhas previstas para depor, três não compareceram. Outras sete foram dispensadas.

Conheça as acusações e penas máximas possíveis contra os réus

Réu Acusações Pena máxima
Bruno Homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio 41 anos
Dayanne Sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio 5 anos
 
 

Primeiro dia

O primeiro dia do julgamento foi considerado um sucesso tanto pela defesa quanto pela acusação. Em oito horas de trabalhos, o principal fato que marcou o dia foi o depoimento da delegada Ana Maria dos Santos, que iniciou a investigação em 2010, quando o desaparecimento e a morte da ex-modelo aconteceram. 

Durante mais de cinco horas de depoimento, a delegada expôs o início das investigações e contou detalhadamente a oitiva de Jorge Luiz Rosa, dada dias após a data do crime.

Durante todo o dia, na porta do Fórum, havia a especulação de que o ex-goleiro do Flamengo confessaria o crime, em um possível acordo entre defesa e acusação. O promotor Henry Vasconcelos, porém, salientou que essa possibilidade não acontecerá.

No início dos trabalhos, Bruno chorou e leu a Bíblia. Já Dayanne mostrou tranquilidade e até sorriu em alguns momentos. 

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013. 

Fonte: Especial para Terra
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