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Caso Bruno

MG: advogado de Bola protocola pedido para troca de testemunhas

Ércio Quaresma chegou no Fórum de Contagem antes do início do julgamento de Bruno e a ex-mulher

4 mar 2013 - 08h24
(atualizado às 14h26)
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Advogado de Bola, Ércio Quaresma, foi protocolar pedido para troca de testemunha no julgamento de seu cliente, marcado para 22 de abril
Advogado de Bola, Ércio Quaresma, foi protocolar pedido para troca de testemunha no julgamento de seu cliente, marcado para 22 de abril
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

O advogado de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, esteve no Fórum de Contagem (MG) na manhã desta segunda-feira, antes do início do julgamento do goleiro Bruno e da ex-mulher do atleta, Dayanne do Carmo. Ércio Quaresma disse que foi ao local para protocolar o pedido para troca de uma das testemunhas do julgamento de seu cliente, marcado para o dia 22 de abril. O comboio com Bruno e Dayanne chegou ao Fórum por volta das 8h20.  

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Como funciona o Tribunal do Júri

O advogado também disse que irá solicitar a quebra de sigilo do seu telefone. O motivo seria a reportagem de um jornal de Belo Horizonte que divulgou que Quaresma teria ido a Santos no primeiro semestre de 2010 para subornar policiais que haviam prendido o Bola na cidade paulista. Segundo a reportagem, baseada em informações do Ministério Público, Bola teria ido a Santos para matar Eliza, mas teria sido preso com a arma. Quaresma então teria ido lá para subornar policiais para liberá-lo.

O defensor de Bola informou que também irá questionar a investigação policial que apontou o Bola como executor de Eliza, já que o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro solicitou à Polícia Civil uma nova investigação sobre dois policiais que também teriam participado do crime e que não foram indiciados. “O que a gente quer saber é como que os delegados Wagner Pinto, Alessandra Wilke e Edson Moreira investigaram durante quatro meses o desaparecimento dessa moça e agora com os réus já sendo julgados vem o promotor e diz que mais duas pessoas participaram do crime", ressaltou.

Quaresma diz que tentará provar ainda que o cliente não participou da morte de Eliza Samudio e que teria, inclusive, um vídeo no qual o primo de Bruno, Jorge Luís Rosa, o primeiro a denunciar o crime, teria pedido desculpas a Bola por incriminá-lo. 

Desde o início da manhã, a movimentação de advogados e jornalistas é grande em frente ao Fórum onde irá ocorrer o julgamento. O trânsito no entorno está isolado e o policiamento foi reforçado. Ao todo, 12 testemunhas estão arroladas. 

Protesto

Um protesto solitário movimentou as redondezas. O empresário André Luiz, que chegou ontem à Contagem. Vindo de São Paulo, ele está no local com cartazes pendurados pelo corpo e contou que já percorreu vários julgamentos de casos famosos, como Realengo, Eloá e Gil Rugai. 

O objetivo do manifestante é alertar para a violência contra as mulheres. Ele também considerou que, se Bruno for culpado, que seja condenado a uma pena "justa". 

 

Conheça as acusações e penas máximas possíveis contra os réus

Réu Acusações Pena máxima
Bruno Homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio 41 anos
Dayanne Sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio 5 anos 
 

O Caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno. 

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado. 

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  No dia 22 de novembro de 2012, durante depoimento de cinco horas, Macarrão responsabilizou Bruno pelo sumiço de Eliza. Dois dias depois, o júri condenou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013. 

Fonte: Especial para Terra
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