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Caso Bruno

MG: julgamento recomeça com depoimento de ex-colega de cela de Bola

23 abr 2013 - 10h10
(atualizado às 10h32)
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<p>Ex-policial Bola chorou no primeiro dia de seu julgamento no Fórum de Contagem, em Minas Gerais</p>
Ex-policial Bola chorou no primeiro dia de seu julgamento no Fórum de Contagem, em Minas Gerais
Foto: Renata Caldeira/TJ-MG / Divulgação

O segundo dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, começou por volta das 9h15 desta terça-feira com o depoimento do preso Jaílson Alves de Oliveira, ex-colega de cela do réu. Bola é acusado de matar, esquartejar e ocultar o corpo da modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno. O júri ocorreu no Fórum de Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte. 

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Jailson é detento da penitenciária Nelson Hungria. Ele dividiu cela com Bola, que teria revelado a ele um suposto plano de matar a juíza Marixa Fabiane, o vereador Edson Moreira, o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) e outras quatro pessoas.

Antes das perguntas para Jaílson, a juíza Marixa leu o depoimento prestado pela testemunha em 26 de abril de 2011, na Vara de Execuções Penais. Na oitiva da época, ele relatou que ouviu Bola confessar sobre a morte de Eliza Samudio. 

Em seguida, a juíza leu outro depoimento do preso, prestado em 13 de junho de 2011, quando relatou planos de Bola para matar a magistrada Marixa, o delegado Edson Moreira e o deputado Durval Ângelo. Segundo Jaílson, o matador seria o traficante Nem da Rocinha. 

A testemunha afirmou na época que, por ter denunciado o plano à juíza, foi ameaçado por Bola. A juíza leu também outros depoimentos prestados por Jaílson. Um em Ribeirão das Neves e outro no Salão do Júri de Contagem. Jaílson chegou a dizer que Bruno estava envolvido com o tráfico de drogas em Ribeirão das Neves. Após a leitura das oitivas, Jaílson confirmou as informações dadas por ele. 

Além do ex-colega de cela de Bola, também está previsto o depoimento do delegado Edson Moreira. Ao todo, mais oito testemunhas ainda serão ouvidas.

Primeiro dia

No primeiro dia do julgamento, a delegada Ana Maria Santos, que participou das investigações no início do processo em 2010, prestou depoimento. Durante alguns momentos, Bola chorou no plenário enquanto acompanhava os trabalhos. 

O promotor Henry Vagner disse ao final do júri de ontem que a estratégia da defesa foi um tiro no pé e cansou os jurados. Os advogados do réu insistiram em questionar a delegada Ana Maria sobre o motivo pelo qual os policiais suspeitos José Lauriano, Zezé, e Gilson Costa, não foram indiciados pela Polícia Civil. Segundo a defesa, foram mais de 50 ligações telefônicas entre os suspeitos e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, no período em que Eliza estava sequestrada.

A previsão é que o júri perdure até o final da semana. O advogado José Arteiro Cavalcante, assistente de acusação, atendeu a imprensa na porta do Fórum antes do inicio do júri e disse que não acredita que Bola irá confessar o crime. “Ele (Bola) vai ficar melhor que o Bruno. Pode  pegar menos de 20 anos. Ele não vai confessar”, disse.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.

Fonte: Especial para Terra
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