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Caso Bruno

Quaresma: 'depoimento da cadeira vazia' será decisivo no júri de Bola

O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é um dos réus do processo sobre a morte de Eliza Samudio

8 mar 2013 - 22h11
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<p>O goleiro Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pela morte de Eliza</p>
O goleiro Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pela morte de Eliza
Foto: Marcelo Albert / TJMG / Divulgação

Após o termino do julgamento do goleiro Bruno Fernandes e da ex-mulher dele Dayanne Rodrigues, na madrugada desta sexta-feira, no Fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, o advogado Ércio Quaresma, representante do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, um dos réus do processo sobre a morte de Eliza Samudio, acredita que o depoimento dos réus foi favorável à defesa de seu cliente. De acordo com o advogado, a principal testemunha do julgamento de Bola, que acontecerá no dia 22 de abril, será uma "cadeira vazia". Ele irá exibir o vídeo do júri no qual Bruno deixa o plenário para não responder às perguntas feitas pela defesa de Bola.

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"A principal testemunha vai ser aquela cadeira vazia. Vou exibir aquele interrogatório, da hora que o Lúcio Adolfo, numa atitude covarde, tirou ele (Bruno) do plenário. A verdade é dura de ser ouvida. Aquele silêncio não pode ser usado contra o meu cliente", disse. De acordo com o advogado, as declarações de Bruno e de Dayanne "não poderiam ter sido mais oportunas". "Nós vamos provar para o conselho de sentença a diferença entre um acórdão e um 'acordão'. Vamos identificar todos os personagens desse acordo que houve no plenário", explicou.

Segundo Quaresma, Dayanne prestou novamente depoimento na quinta-feira, "única e exclusivamente para entregar" o policial civil aposentado José Lauriano de Assis, o Zezé, investigado pela Polícia Civil por participação no crime, em troca de sua absolvição. 

Após a denúncia da ex-mulher do goleiro, a juíza Marixa Fabiane Rodrigues, segundo Quaresma, estaria propensa a determinar expedição de mandado de prisão a José Lauriano. De acordo com o advogado, por base no depoimento do primo de Bruno, Jorge Luiz Rosa Lisboa, na época das investigações, o jovem teria identificado o homem que supostamente teria matado Eliza como tendo características físicas semelhantes às de Zezé, e não às de Marcos Aparecido dos Santos.

O advogado, no entanto, diz estar confiante para o julgamento de Bola. Para ele não há provas que incriminem o ex-policial. "Não há prova de que houve evento morte. Não sei por que a juíza de Contagem está julgando esse caso, se o crime teria acontecido em Vespasiano. O que não há nesse processo é prova. Não estou preocupado com a opinião pública. Minha preocupação reside em sete cidadãos que compõem o conselho de sentença", disse.

O caso Bruno

Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. 

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão. 

Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson responderiam por sequestro e cárcere privado. 

No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo.  O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. No dia 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão, dos quais 17 anos e seis meses terão de ser cumpridos em regime fechado. Dayanne Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi absolvida. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.

Fonte: Especial para Terra
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