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Polícia

Caso Cariani: quem são os investigados em esquema de desvio para produção de drogas

Denúncia de notas fraudulentas, em 2019, foi ponto de partida para investigação sobre desvio de produtos químicos

14 dez 2023 - 12h07
(atualizado às 13h25)
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Renato Cariani é alvo de investigação da Polícia Civil
Renato Cariani é alvo de investigação da Polícia Civil
Foto: Reprodução/Instagram

O influenciador fitness Renato Cariani, de 47 anos, não é o único investigado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de produtos químicos para produção de drogas, como crack. Além dele, outras duas pessoas estariam envolvidas no esquema: Roseli Dorth e Fábio Spinola Mota

Cariani é um dos sócios da Anidrol, empresa de produtos químicos que estaria ligada ao desvios de fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila. Além dela, também estaria no radar da PF a Quimietest, que não tem sede própria e seria um dos braços da Anidrol. 

Conforme o Estadão, a investigação é realizada desde 2019, quando a farmacêutica AstraZeneca fez uma denúncia, em julho daquele ano. Foram apresentadas notas fiscais emitidas em 2017, referentes a movimentações de produtos químicos que não reconhecia como suas. Depois, a PF recebeu mais dois relatos semelhantes, da Cloroquímica e da LBS Laborasa.

Renato Cariani critica imprensa após repercussão de operação da PF
Renato Cariani critica imprensa após repercussão de operação da PF
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Com isso, o Ministério Público reuniu indícios de que as empresas de Cariani e Dorth realizavam vendas fictícias às farmacêuticas para mascarar o desvio de insumos para o tráfico. No esquema, seriam usados 'laranjas' como representantes das empresas, que receberiam os pagamentos e 'justificariam' o envio dessas substâncias. 

Uma operação foi realizada pelas autoridades foi realizada na última terça-feira, 12, para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços vinculados aos suspeitos. 

Além de Cariani, quem são os envolvidos? 

  • Roseli Dorth

A empresária de 71 anos é fundadora e sócia-administrativa da empresa de vendas de produtos químicos Anidrol, cuja sede é em Diadema, na Grande São Paulo. De acordo com o SBT News, a polícia interceptou uma troca de mensagens entre ela e Cariani.

Terra procurou o Ministério Público em busca de detalhes sobre as provas e as conversas interceptadas. O texto será atualizado quando houver um posicionamento. 

No entanto, segundo o SBT News, uma conversa de abril de 2014 indica que ambos já eram monitorados pela polícia.

"Graças a Deus esta semana é curta, podemos trabalhar no feriado pra arrumar de vez a casa e fugir da polícia (...) Também precisamos arrumar o mapa da Civil, vão vir babando (...) Arruma tudo para esperar estes vermes. Acho que a polícia pode aparecer ainda esta semana. Por isso que quero que a semana passe rápido", diz Roseli. 

Em outra conversa, do mesmo ano, o influenciador pede que a sócia apague as mensagens sobre um pagamento e a retirada de "sulfúrico e acetona". Conforme o site, o Ministério Público teria encontrado na mesma conversa a sugestão de Roseli para declarar falsamente em nota fiscal o tipo de produto vendido para uma empresa que não possui o registro necessário para tal.

"Arranca o rótulo", sugere, antes de recomendar lançar como outro item. Segunndo ela, seria "tranquilo e rápido".

  • Fábio Spinola Mota

Mota é apontado como amigo de Cariani. Ele foi preso no semestre passado, durante uma operação da PF do Paraná, e ficou detido até o final de novembro.

O inquérito aponta que o suspeito seria responsável pelas intermediações entre a empresa e o crime organizado. Mota, aliás, teria criado o e-mail de um suposto funcionário da AstraZeneca, Augusto Guerra, que teria recebido as vendas, conforme o SBT News

Ao longo da investigação, a polícia encontrou evidências de que o e-mail foi cadastrado em uma conta Outlook, e esse mesmo "funcionário" teria pago em dinheiro uma empresa de hospedagem de site. Foram encontradas trocas de mensagens entre Augusto e Cariani. 

No imóvel de Mota, um dos alvos da investigação, foram encontrados R$ 100 mil em espécie. 

Entenda a investigação das notas falsas

A polícia identificou 60 transações falsas, de 2014 a 2021, envolvendo essa organização e totalizando cerca de 12 toneladas de produtos químicos. Isso corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo, conforme a PF. 

As investigações também apontam que a organização usava diferentes métodos para ocultar e dissimular a procedência dos valores recebidos, como interpostas pessoas, ou 'testa-de-ferro', e empresas fictícias. A polícia pediu a prisão dos suspeitos, mas a Justiça expediu apenas 18 mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos em endereços de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. 

Quem é Renato Cariani, alvo de operação da PF contra tráfico de drogas Quem é Renato Cariani, alvo de operação da PF contra tráfico de drogas

A ação foi realizada pela Polícia Federal, em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco do MPSP) de São Paulo, e a Receita Federal. Os investigados podem responder pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, as penas ultrapassam 35 anos de prisão. 

O Terra pediu mais detalhes sobre o caso ao Ministério Público, que informou que o caso está sob sigilo. 

O que dizem os envolvidos

O Terra não encontrou as defesas de Renato Cariani, Roseli Dorth e Fábio Mota. O espaço permanece aberto para manifestações. 

No entanto, no mesmo dia da operação, o influenciador fitness se defendeu nas redes sociais, dizendo que foi "surpreendido" com a operação.

"Pela manhã, eu fui surpreendido com um cumprimento de mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas em um processo que eu não sei, porque ele corre em segredo de Justiça", afirmou, em um vídeo publicado no Instagram.

Segundo Cariani, seus advogados entrarão com um pedido para saber do que trata a investigação, mas confirmou que a busca e apreensão foi realizada com todos os sócios da empresa investigada. 

Influencer fitness Renato Cariani se pronuncia após operação da PF: 'Foi uma surpresa':

"Uma das empresas que sou sócio, que é a que está sofrendo investigação, foi fundada em 1981, tem mais de 40 anos de história, é uma empresa linda, onde minha sócia com 71 anos de idade ainda é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa. Uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, todas certificações nacionais e internacionais, uma empresa que trabalha totalmente regulada. Então, para mim, para a minha sócia e para todas as pessoas foi uma surpresa, como foi para você também", declarou.

Renato Cariani é um dos maiores influenciadores do mundo fitness no Brasil. Em seu perfil no Instagram, ele possui mais de 7,3 milhões de seguidores, além de outros 6,3 milhões de inscritos no YouTube. Em seu site, ele afirma que é formado em Administração de Empresas, Química e Educação Física.

Fonte: Redação Terra
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